Segundo um levantamento feito pela agência classificadora de risco Austin Rating, o real está entre as dez moedas que mais desvalorizaram frente ao dólar em 2024. Utilizando dados do Banco Central do Brasil (BC), a análise coloca a moeda brasileira na 7ª posição entre as que mais perderam valor neste ano.
A moeda brasileira subiu duas posições no ranking, que inclui 118 países, em comparação ao ano passado. Essa alteração foi provocada por uma queda de 9,5% no valor do real em 2024, até o fechamento dos mercados na última terça-feira (11).
O ranking de desvalorização monetária revela que o real só teve uma performance melhor frente ao dólar quando comparado às moedas da Nigéria (42,8%), Egito (35%), Sudão do Sul (29%), Gana (20,1%), Argentina (10,5%) e Japão (10,1%).
Além do real, outras moedas que compõem a lista das que mais desvalorizaram são a da Turquia (8,7%), do México (8,1%) e da Suíça (6,8%).
Entenda por que o real está tão desvalorizado
Conforme o economista Fábio Martinez, a valorização do dólar está relacionada ao aumento da taxa de juros do governo americano, que se mantém acima de 5%. Esse cenário, de acordo com ele, torna os títulos públicos americanos mais atrativos.
“Muita gente está evitando investir em países em desenvolvimento para investir no próprio Estados Unidos, que tem uma segurança maior. Então, como os títulos lá estão rendendo mais e têm uma confiança maior, a gente tem uma tendência natural que as pessoas migrem. Os investidores acabam mandando dinheiro de volta para os Estados Unidos e, consequentemente, a cotação do dólar acaba aumentando”, afirmou.
A respeito da desvalorização do real, ele explica que se dá devido à insegurança em relação à condução da política fiscal no Brasil. Conforme o profissional, os investidores tendem a evitar países nessa situação.
“A gente vê, por parte do Governo Federal, um empenho em reduzir suas despesas. Por outro lado, ele tem procurado arduamente aumentar suas receitas, e, como não vem conseguindo, isso acaba gerando uma perspectiva em que a situação fiscal do Brasil possa piorar. Isso aumenta o déficit fiscal e, consequentemente, as pessoas evitam países que estão numa situação como essa”, explicou.
Afirmou ainda que a tendência para os próximos dias é que a cotação do dólar se mantenha elevada, pois o governo americano deve manter a taxa de juros alta. “Isso vai forçar também uma provável manutenção da taxa de juros aqui no Brasil, que vinha caindo. Mas, por conta dessas situações, provavelmente a taxa Selic não deve voltar a cair ou, se fizer, não vai ser na mesma magnitude de 0,5%, talvez seja 0,25%.”, complementou.