Roraima exportou em 2021 o montante de 330 milhões de dólares em produtos, batendo recorde pelo terceiro ano seguido. A informação é da Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), baseada em dados do Ministério da Economia.
O valor equivale a R$ 1,8 bilhão, com base na cotação média do dólar americano no ano passado, e representou ainda 9% do Produto Interno Bruto (PIB) de Roraima.
Comparado ao ano anterior, em que Roraima registrou 197 milhões de dólares, o crescimento foi de aproximadamente 68%, o dobro da média nacional, sendo ainda a terceira maior elevação dentre as unidades da federação – atrás apenas de Sergipe (135%) e Espírito Santo (97%).
Os produtos roraimenses foram para 25 países. A maioria das exportações (74%) foi para a Venezuela: cerca de 244 milhões de dólares em mercadorias locais, entre eles, embutidos de carne e margarinas, bebidas, produtos de higiene pessoal e limpeza, medicamentos e inseticidas.
Com o crescimento, Roraima superou Amazonas, São Paulo e Mato Grosso e tornou-se, pela primeira vez na série histórica, o principal parceiro comercial da Venezuela no Brasil: em torno de 25% do que o país vizinho adquiriu daqui, no ano passado, foi do estado fronteiriço.
O presidente da Câmara de Comércio Brasil/Venezuela, Eduardo Oestreicher, explicou que o crescimento das exportações de Roraima, impulsionado pela Venezuela, ocorre devido à gradativa desaceleração da inflação no país vizinho, somada ao interesse de empresários venezuelanos de retomarem os investimentos no exterior.
“O governo de lá tem percebido que atacar o setor econômico não foi uma boa política. […] E os próprios empresários venezuelanos começam a retomar os empreendimentos e colocar recurso fora do país. Eles perceberam uma nova motivação econômica”, avaliou, ao acrescentar que “não podemos deixar de lado um parceiro comercial como esse. 80% dos pagamentos [de mercadorias para a Venezuela] são à vista e não têm nenhum tipo de receio de haver um calote”, ponderou Oestreicher.
Professor doutor em Relações Internacionais e Desenvolvimento Regional e Econômico, Haroldo Amoras, destacou que a Venezuela tem o Brasil como o único parceiro comercial nas Américas, frente aos embargos econômicos sofridos principalmente pelos Estados Unidos. “Para a Venezuela, só sobrou, aqui nas Américas, quem tem indústria de porte, que é o Brasil”, disse.
Soja impulsiona exportações
A soja foi o produto mais exportado por Roraima no ano passado: 71,4 milhões de dólares, equivalentes à venda de 141 mil toneladas do produto. Foi o maior valor já comercializado com o mercado externo. Só para a Rússia, foram 32,8 milhões de dólares, seguida por Turquia (28,7 milhões) e a Espanha (8,6 milhões).
“A soja, historicamente, é exportada não por empresas daqui. A gente vende pro Amazonas e de lá eles exportam pra outros países, mas em 2021, tivemos uma parcela significativa da soja exportada por empresas locais, que tiveram destino a Rússia”, explicou o economista Fábio Martinez.
Além da soja, o estado exportou 45,4 milhões de dólares em embutidos de carne, referentes à venda de cerca de 29 mil toneladas. Ademais, vendeu 44,8 milhões de dólares em margarinas (29 mil toneladas do produto).
Geração de empregos como resultado das exportações
Martinez citou que o montante que entra em Roraima pela exportação reflete diretamente na geração de empregos. “Quando a gente fala de crescimento econômico, a gente já está falando de aumento de empregos e geração de riqueza”, destacou o economista.
Eduardo Oestreicher, que também é diretor de comércio exterior da Seplan, acredita que o crescimento das exportações resulta na abertura de novos empreendimentos, como supermercados e atacados. “Isso promove geração de emprego e renda”, pontuou.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia, de janeiro a novembro de 2021 (último mês disponível), Roraima criou quase 4.968 novos empregos formais, maior registro em toda a série histórica. O número representa um aumento de 42% em relação aos 12 meses do ano anterior.
O Comércio foi o segundo setor que mais criou novos empregos: 2.153 contra 2.608 do líder segmento de Serviços. Completam a lista, Indústria (512 novos empregos), Agropecuária (265) e a Construção – esta, por sua vez, registrou queda de 570 empregos.
Só no comércio, 296 dos novos postos de trabalho foram criados em hipermercados, supermercados e mercearias.