Economia

Roraima tem queda de 16% nas vendas da Black Friday

Economista explica que famílias estão cautelosas e vão priorizar gastos para o Natal e para as contas de 2023, o que afetou as vendas do período promocional

Com muitos eventos de fim de ano e cautela das famílias sobre como priorizar as contas, dados do Índice Cielo de Varejo, divulgados na última segunda-feira, 28, apontar uma queda de 16% nas vendas do varejo durante a Black Friday em Roraima em comparação ao ano passado. O dado traz alerta a comerciantes para o período das festas de fim de ano.

O dado reforça o sentimento de frustração de comerciantes mostrado pela FolhaBV, na última sexta-feira, 25, que registrou movimento abaixo do esperado em lojas do Centro e da zona Oeste de Boa Vista. Alguns estabelecimentos comerciais estavam vazios mesmo com a Copa do Mundo. 

A queda nas vendas contrapôs a expectativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Roraima (Fecomércio Roraima), que esperava um faturamento de R$ 11,2 milhões no comércio varejista em Roraima no período da Black Friday, o que seria o maior desde que a data foi incorporada ao calendário do comércio.

Mudanças

Para a economista Lana Patrícia, especialista em Gestão Financeira e Análise de Custos, as incertezas econômicas como a troca de presidentes da República e eventos internacionais como a Copa do Mundo deixaram o consumidor mais cauteloso quanto à gestão do dinheiro.

“O Brasil vem passando por mudanças significativas na economia e em Roraima não é diferente. Eventos de proporções locais e mundiais impactam os preços e com a Copa do Mundo sendo realizada neste período faz a escolha do consumidor ser mais seletiva. O pagamento da parcela do décimo terceiro salário também nesse mesmo momento, faz o consumidor “priorizar” seus gastos”, explica a economista.

A Taxa Selic em alta e ultrapassando os 13% também contribui para um comportamento mais cuidadoso do consumidor, que para a economista, está mais consciente das variáveis que afetam os preços dos produtos. 

“O consumidor está mais consciente dos gastos e de todas as variáveis que impactam o preço. A frustração do comércio local deve-se a “cautela” do consumidor em não querer comprometer a renda num fim de ano conturbado político e economicamente falando”, complementa Lana.

Natal

Ainda para a economista, o período de Natal também pode ter queda nas vendas em relação a 2021, mas a tradição do presente no fim do ano pode amenizar o impacto no varejo. 

“As festas de fim de ano, como o Natal, garantem o comércio aquecido. Num país cristão, Natal tem peso decisivo e garante a média de vendas, até superando-as.  2022 foi um ano muito atípico e Black Friday não supera as festas natalinas. Com a Copa do Mundo, o consumidor escolheu garantir os presentes de Natal. Muitos eventos no fim de um ano crítico, ainda com pandemia, e com muitas atrações “tentadoras”, mas com um público mais crítico e desconfiado”, entende a economista, que prevê que o ticket médio dos presentes fique entre R$ 50 e R$ 100.

“Janeiro é um mês longo e junto com ele vem várias obrigações como: mensalidade escolar, fardamento, material escolar, IPVA, IPTU, dividas com cartão de crédito e por aí vai. Devemos ser prudentes. É equilíbrio entre o quanto estou disposto a gastar e quanto vou receber para iniciar 2023”, finaliza a economista.