Para ampliar as rotas de integração, responsáveis por escoar a produção brasileira para o exterior, foi elaborado o relatório do Subcomitê de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano. O documento foi entregue nessa segunda-feira (6) pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No relatório consta a Rota do Escudo Guianense, que inclui integralmente os estados de Amapá e Roraima e partes do território do Amazonas e do Pará, articulada com a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e a Venezuela. Esta é uma das defesas de interesses da Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER).
Em julho deste ano, a FIER fez uma apresentação sobre os Gargalos para o Desenvolvimento de Roraima e Integração com os Países da Região ao Subcomitê de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano, instituído no âmbito do Comitê Ministerial de Governança do Ministério do Planejamento e Orçamento, mostrando a necessidade de um planejamento para expansão e crescimento da economia.
Após reuniões, o subcomitê mapeou 9 mil obras do Novo PAC e identificou 100 projetos com potencial de integração e desenvolvimento regional, que deram origem a cinco rotas de integração: Ilha das Guianas; Manta-Manaus; Quadrante Rondon; Capricórnio; e do Pampa.
O relatório, contudo, além de mapear os projetos também estudou detalhadamente a produção e o comércio exterior (exportações e importações) de 11 Estados que possuem regiões de fronteira para identificar desafios e potencialidades para as referidas rotas. Juntos, eles possuem exportações de US$ 122 bilhões, representando respectivamente 36% das exportações brasileiras. Os países Sul-Americanos, por sua vez, absorvem menos de 20% das vendas externas do país.
A integração regional é capaz de criar oportunidades novas e robustas de negócios entre os Estados fronteiriços e seus vizinhos, além de ser fundamental para abrir novas rotas e reduzir custos de logística, aumentando a competividade de todos os produtos brasileiros.
O relatório destaca a mudança na composição dos Estados exportadores do país, apontando o peso crescente dos chamados “estados articuladores”, constituídos pelo conjunto de unidades da federação não-atlânticas, “que formam a faixa fronteiriça entre o Brasil e seus vizinhos sul-americanos”: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Acre e Roraima. A soma das exportações desses cinco estados passou de US$ 2,3 bilhões (2,5% do total) das exportações brasileiras para US$ 43,4 bilhões em 2022 (13% do total).
A proposta apresentada pelo subcomitê é que se constitua uma rede de Rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano, “formando uma vasta teia de conexões que irrigue e potencialize as relações da economia brasileira com a dos países vizinhos e, inclusive, com os mercados emergentes da Ásia Pacífico”.
As cinco rotas podem ser assim resumidas:
- Rota do Escudo Guianense, que inclui integralmente os estados de Amapá e Roraima e partes do território do Amazonas e do Pará, articulada com a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e a Venezuela;
- Rota Multimodal Manta-Manaus, contemplando inteiramente o estado Amazonas e partes dos territórios de Roraima, Pará e Amapá, interligada por via fluvial à Colômbia, Peru e Equador;
- Rota do Quadrante Rondon, formado pelos estados do Acre e Rondônia e por toda a porção oeste de Mato Grosso, conectada com Bolívia e Peru;
- Rota de Capricórnio, desde os estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, ligada, por múltiplas vias, a Paraguai, Argentina e Chile;
- Rota do Pampa, abrangendo o Rio Grande do Sul, integrada à Argentina, Uruguai e Chile.