Apesar dos preços de peixe terem sido mantidos nas feiras-livres e comércios especializados a busca foi menor do que o esperado pelo mercado local. Com a população consumindo, em média, 40 toneladas de peixe por semana, os vendedores esperavam aumentar em 30% as vendas no período, mas a procura não chegou nem a 15% a mais do que o normal para esta época.
Para os vendedores de peixe, o período que antecede à data não atraiu muito os consumidores, pois as pessoas deixaram de manter a tradição na Quaresma. “Até o momento, as vendas continuam fracas, muito abaixo do que queriamos”, disse a empresária Joana Bezerra, que vende tambaquis em uma banca na feira.
“A população perdeu o hábito de não consumir carne vermelha e não respeitam mais a sexta-santa, ou o habito de passar esse período comendo peixe”, observou.
A Folha visitou alguns dos principais pontos de vendas de peixes da capital e constatou a baixa procura.
Mesmo não tendo o costume de comer peixe durante a Semana Santa, a professora Laura Camila disse que está satisfeita com a qualidade do alimento vendido em Roraima. “Os preços estão bons e a qualidade também mas com essa chuva deu preguiça de sair de casa comprar peixe. Quase não venho e acho que por isso que está tranquilo aqui na feira”, avaliou.
Preços
Em media o tambaqui que pesa até três quilos é vendido por R$ 22,40. Até cinco quilos tem o custo de R$ 27,80. Além do tambaqui, o matrinxã – peixe com escama – é vendido por R$ 20,00 o quilo.
O consumo de peixe
Dentro da tradição da Igreja Católica, a Sexta-Feira Santa, também conhecida como Sexta-Feira da Paixão, é um dia reservado para a prática da abstinência. Essa tradição milenar do catolicismo se opõe ao consumo de carne vermelha e de frango nesse dia. Nesse costume, é comum que as pessoas substituam o consumo dessas carnes pelo de peixe.
A tradição de jejuar na Sexta-Feira Santa, provavelmente, teve sua origem na Idade Média. Isso porque outra tradição do catolicismo surgiu nesse período: a de jejuar toda sexta-feira. No século IX, durante o pontificado de Nicolau I, foi imposta a abdicação de carne toda sexta-feira a todos os cristãos maiores de sete anos.
Nos primeiros tempos dessa prática, era comum que as pessoas se abstivessem nas quartas e nas sextas-feiras, e, além da carne, as pessoas não consumiam laticínios e ovos. A ação, no entanto, perdeu força, e a Igreja defende atualmente a abstenção apenas na sexta. Hoje em dia, a privação de carne durante a Sexta-Feira Santa é vigente.
A abstenção de carne na Sexta-Feira Santa acontece em respeito ao derramamento do sangue de Jesus Cristo durante o seu sacrifício. Além disso, muitos religiosos destacam que o jejum é uma prática daqueles que desejam se afastar do pecado.
