
Mães de alunos da escola municipal Criança Feliz, na Vila Campos Novos, zona rural de Iracema, foram até o Ministério Público de Roraima (MP-RR) em Mucajaí, na manhã desta segunda-feira (10) para formalizar uma denúncia contra o município. De acordo com elas, até hoje a unidade não iniciou o ano letivo, conforme denúncia publicada pela Folha na última semana.
Segundo o que foi dito aos familiares dos alunos, uma licitação envolvendo o transporte escolar no município está sendo investigada pela Polícia Federal e as atividades dos ônibus estão paralisadas. Com isso, cerca de 300 estudantes do ensino fundamental estão sem aulas por tempo indeterminado.
Thaís Hillary da Silva, mãe do aluno Yohan Davi, de quatro anos, afirma que a maior parte dos alunos moram próximos à unidade e não precisam do transporte coletivo, deixando centenas de crianças sem acesso à escola. “Os alunos das vicinais – que precisam do transporte – são poucos, e mesmo assim eles não querem voltar com as aulas. Desde o ano passado estamos sem aulas, o único lugar que está funcionando é a sede [de Iracema]”, afirmou.
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Ela relata que após a denúncia feita à Folha, o comunicado de volta às aulas, que valeria para o último dia 6, foi excluído do grupo de mensagens de comunicados aos pais, sem previsões de retorno.
Além disso, outra denúncia feita ao MP pelas mães foi a falta de fardamento. Segundo Simone Silva, há dois anos a escola não oferece o uniforme de forma gratuita. “Eles não estão entregando fardamento para as crianças. E tem mães que têm cinco, seis filhos… custa setenta reais uma blusa. Então imagina uma mãe com cinco filhos? Dá 700 reais as fardas completas!”, destacou Simone.
A preocupação é que, sem estar com os filhos frequentando a escola, o Conselho Tutelar possa intervir e cortar o contato dos filhos com as mães, podendo até mesmo perder a guarda das crianças. “Eu vou fazer o que puder enquanto não voltarem com as aulas. Porque se eu errar, a justiça vem bater na minha porta. Então porque eu não posso também denunciar?”, reforçou Thaís.
Ao todo, foram quatro denúncias feitas por elas. Além do fardamento e a cobrança de retorno das atividades escolares, elas apresentaram ao Ministério Público denúncias envolvendo o recolhimento de lixo na vila e a falta de medicamentos na Unidade Básica de Saúde da região.
“É complicado… e por isso viemos até aqui. Já não temos saúde direito, agora vamos deixar nossos filhos sem acesso à educação?”, ressaltou Thaís.
A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Iracema, mas não obteve retorno.