Professor da UFRR é afastado após denúncias de assédio contra alunas

A universidade anunciou o afastamento do professor na última quinta-feira (4), afirmando que ele estava em “desacordo com os fundamentos administrativos no que diz à conduta moral e ética”

Destinado a jovens de 16 a 25 anos, com renda familiar de até dois salários mínimos e que tenham concluído ou estejam concluindo o Ensino Médio, o curso visa orientar os participantes sobre o mercado de trabalho. (Foto: Reprodução/Nilzete Franco/FolhaBV)
Destinado a jovens de 16 a 25 anos, com renda familiar de até dois salários mínimos e que tenham concluído ou estejam concluindo o Ensino Médio, o curso visa orientar os participantes sobre o mercado de trabalho. (Foto: Reprodução/Nilzete Franco/FolhaBV)

Um professor substituto da Universidade Federal de Roraima (UFRR) foi afastado de suas funções após ser acusado de assédio por alunas do curso de engenharia elétrica. O caso foi registrado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e relatado à ouvidoria da UFRR em novembro de 2023. A decisão de afastamento foi tomada em julho deste ano.

Segundo uma das alunas, que preferiu não se identificar, os incidentes começaram logo após o professor assumir as aulas no segundo semestre de 2023. “Ele pediu para criar um grupo no WhatsApp da turma em que ele também participasse, o que parecia normal no início”, relatou a estudante. “Mas gradualmente, as mensagens passaram a ter um teor pessoal e inapropriado, onde ele demonstrava interesses além dos acadêmicos”.

As alunas afirmaram que o comportamento do professor se intensificava durante as aulas, com perguntas intrusivas sobre o estado civil, moradia e outros aspectos pessoais das estudantes. “Ele mantinha um contato visual que claramente ultrapassava os limites do profissionalismo esperado em um ambiente educacional”, destacou a estudante.

Após meses de desconforto, as alunas decidiram buscar ajuda e registraram um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, em novembro de 2023. “Infelizmente, fomos atendidas por um homem, o que pareceu minimizar a seriedade dos nossos relatos”, lamentou uma das vítimas. “Fomos questionadas de maneira que nos fez sentir que nossas preocupações não eram levadas a sério”.

Além do registro policial, as alunas também encaminharam relatos e prints das conversas para a ouvidoria da UFRR em novembro de 2023. No entanto, após dois meses sem respostas, a universidade alegou que não havia recebido os relatos e pediu que fossem enviados novamente, o que foi feito no dia 29 de janeiro. No dia 04 de julho, a universidade enviou um e-mail anunciando o afastamento do professor, afirmando que ele estava em “desacordo com os fundamentos administrativos no que diz à conduta moral e ética”.

O que diz a UFRR

Procurada, a Universidade Federal de Roraima enviou a seguinte nota:

“A Universidade Federal de Roraima reforça o compromisso com a criação de um ambiente seguro e respeitoso para todos os seus estudantes e servidores. Dessa forma, todas as denúncias apresentadas na Ouvidoria da instituição, envolvendo qualquer membro da comunidade acadêmica, são devidamente apuradas para que sejam tomadas as medidas cabíveis referentes a cada caso.

Com o objetivo de aprimorar continuamente suas políticas, o Conselho Universitário aprovou a resolução CUNI/UFRR nº 091 de 16 de outubro de 2023, que estabeleceu definições e procedimentos para os diferentes tipos de assédio, de violência de gênero e sexualidade, raça, etnia e outros, e elencou as situações que as caracterizam. Uma das ações do documento é a instituição da Comissão Permanente de Acolhimento, Prevenção e Enfrentamento às Violências.

Por fim, a UFRR reforça que não tolera qualquer tipo preconceito, assédio e discriminação e continuará a tomar todas as medidas necessárias para ser uma instituição com ambiente respeitoso e seguro”.