Professores de Boa Vista fazem abaixo-assinado por reajuste no piso salarial

A Secretaria de Administração e Gestão de Pessoas disse por meio de nota que nenhum professor recebeu salário abaixo do valor estipulado em lei até dezembro de 2024. E que analisa os impactos dos reajustes aprovados para este ano.

Segundo os educadores, o reajuste de 6,27% em 2025 elevou o piso nacional para R$ 3.042,35 para 25 horas semanais, mas os salários em Boa Vista permanecem abaixo desse valor. (Foto: Adriele Lima/FolhaBV)
Segundo os educadores, o reajuste de 6,27% em 2025 elevou o piso nacional para R$ 3.042,35 para 25 horas semanais, mas os salários em Boa Vista permanecem abaixo desse valor. (Foto: Adriele Lima/FolhaBV)

Professores municipais de Boa Vista iniciaram uma campanha por meio de uma petição pública, exigindo que a Prefeitura cumpra a Lei 11.738/08, que estabelece o piso salarial nacional do magistério. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Boa Vista (Sitram), o reajuste de 14,95%, estabelecido em janeiro de 2023, ainda não foi aplicado pela administração municipal.

Segundo os educadores, o reajuste de 6,27% em 2025 elevou o piso nacional para R$ 3.042,35 para 25 horas semanais, mas os salários em Boa Vista permanecem abaixo desse valor.

“O nosso salário é um dos piores do país. O que recebemos é um salário de fome, que não dá para sobreviver”, afirmou o professor Cirio Ricardo. “É inaceitável que, enquanto vereadores têm reajustes de 108% em seus vencimentos, nós, professores, estejamos lutando pelo mínimo garantido por lei”, criticou o educador.

Cirio disse ainda que, desde 2023, não houve qualquer reajuste salarial. “Nosso poder aquisitivo está congelado há dois anos. O salário líquido de aproximadamente R$ 3.100 é insuficiente para sustentar uma família, considerando o custo de vida atual”, disse.

Os professores também destacaram a disparidade entre os salários do magistério e outras categorias de nível superior no município. “Outras áreas, como serviço social, recebem em média entre R$ 4.500 e R$ 5.000, enquanto nós ganhamos abaixo de R$ 3.000. Isso tem levado muitos professores a abandonarem a carreira e buscarem outras profissões”, lamentou o professor Alex Arlen .

O Sindicato dos Profissionais da Educação do Município de Boa Vista (Sinpem) está liderando o movimento, buscando coletar assinaturas para pressionar a Prefeitura e também os órgãos fiscalizadores, como o Tribunal de Contas e o Ministério Público.

“Nosso movimento é por um vencimento digno. O Supremo Tribunal Federal já reconheceu que o piso salarial não inclui gratificações. Estamos apenas pedindo o cumprimento da lei”, enfatizou a professora Andreza Gomes.

A petição também será encaminhada à Câmara dos Vereadores. “Solicitamos que os vereadores, tanto da base governista quanto da oposição, se posicionem contra esse desmando. A situação é insustentável”, concluiu Alex Arlen.

Os interessados em assinar o abaixo-assinado podem acessar o link: https://chng.it/bhb9gD4VCs.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista que se manifestou por meio da seguinte nota:

A Secretaria de Administração e Gestão de Pessoas inicialmente esclarece que nenhum professor recebeu salário abaixo do valor estipulado em lei até dezembro de 2024.

Com a recente alteração do piso, por portaria ministerial, que passou a vigorar a partir de 1º/janeiro, encontram-se em análise os impactos financeiros desses reajustes salariais e o planejamento das referidas despesas, como requer a boa gestão e equilíbrio dos recursos públicos.