O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico que se caracteriza por três sintomas principais: desatenção, impulsividade e hiperatividade ou inquietação motora. Geralmente se manifesta na infância, durante a fase escolar, quando a criança se depara com um novo ambiente de aprendizado e interação.
De acordo com a Dra. Christina Hajaj Gonzalez, representante do Conselho Federal de Medicina (CFM), a prevalência global de TDAH em crianças e adolescentes oscila entre 3% e 5%, e aproximadamente 70% apresentam pelo menos outra condição médica ao mesmo tempo, enquanto 10% ou mais apresentam três ou mais.
No Brasil, a situação é um pouco mais complexa, atingindo 2 milhões de adultos, que não receberam diagnóstico na infância, e hoje enfrentam diversos desafios na vida pessoal e profissional. Esse cenário é mais comum em pessoas do sexo masculino, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Ed. 2013 (DSM-5).
Características em crianças e adultos com TDAH:
- Dificuldade em manter o foco em tarefas ou atividades, seja por distrações externas ou pensamentos intrusivos.
- Esquecimentos frequentes de compromissos, tarefas ou responsabilidades.
- Dificuldade em seguir instruções.
- Inquietação e dificuldade em permanecer parado por longos períodos.
- Necessidade constante de se mover, tocar em objetos ou falar excessivamente.
- Dificuldade em se sentar em ambientes como salas de aula ou reuniões.
- Ação sem ponderar as consequências, levando a decisões precipitadas.
- Respostas agressivas diante de frustrações.
Quais são as principais causas do TDAH?
As causas exatas do TDAH ainda não são totalmente compreendidas, mas pesquisas sugerem que uma combinação de fatores genéticos, neurológicos e ambientais contribui para o desenvolvimento do transtorno.
Entre os fatores, principalmente a heterogeneidade indica uma forte influência genética. Indivíduos com pais ou irmãos com o transtorno possuem maior probabilidade de também tê-lo. Enquanto isso, pesquisas em andamento identificaram que variações no gene receptor de dopamina DRD4 e no gene transportador de dopamina DAT1 podem estar associadas ao transtorno.
Exposição ao consumo de tabaco, álcool, drogas ilícitas ou medicamentos não prescritos durante a gravidez tem potencial para alterar áreas do cérebro responsáveis pela atenção, controle motor e inibição. Dinâmicas familiares disfuncionais, estresse familiar crônico e falta de apoio emocional são fatores que influenciam no agravamento do TDAH.
Há cura? Como é o tratamento do TDAH?
Não há cura para o TDAH. Os sintomas são tratados, e, quando realizados da forma adequada, a maioria das pessoas leva uma vida produtiva e satisfatória. O tratamento envolve uma combinação de medicamentos e terapia, com profissionais formados na faculdade de psicologia, para auxiliar no processo, resolver conflitos e construir habilidades para reduzir sintomas, como organização, foco e controle do tempo.
Por sua vez, os medicamentos estimulantes são os mais usados para tratar o TDAH. Eles conseguem melhorar a atenção, reduzir a hiperatividade e a impulsividade. O tipo de tratamento ideal varia de acordo com a idade, a gravidade dos sintomas e outras necessidades específicas de cada diagnóstico.