Uma das diferenças percebidas pelo eleitorado na disputa deste ano foi o crescimento das campanhas feitas nas redes sociais. Cada vez mais a tecnologia se tornou uma aliada para ganhar adeptos e até convencer eleitores convictos do contrário. O alerta aos candidatos, no entanto, é para não se manter somente na internet e perder o contato direto com o povo.
De acordo com o cientista político Roberto Ramos, o perfil do candidato em si ainda é similar às últimas eleições, mas o pleito atual teve um diferencial na forma de realizar as campanhas eleitorais. Especialmente, através do fortalecimento na internet e nas redes sociais.
Por exemplo, agora é possível acompanhar em tempo real a campanha dos candidatos, com a rotina do político sendo publicada nas redes, transmitidas ao vivo pela internet através da página pessoal ou pelos meios de comunicação.
Dessa forma, as atitudes e declarações dos candidatos são compartilhadas quase que imediatamente. Mesmo que a campanha aconteça em Roraima ou no Rio Grande do Sul, nos extremos do país, ainda assim ganha repercussão nacional e é motivo de discussão entre os eleitores.
Isso se dá também, segundo Ramos, por conta do crescimento no número de candidatos, sobretudo daqueles que não têm experiência com a disputa eleitoral. Por conta da concorrência alta, o candidato quer otimizar as suas chances.
“Por um lado é vantajoso colocar ‘aos quatro ventos’ o seu nome a fim de fazer com que as pessoas conheçam sua plataforma política. De forma que as suas ideias alcancem o máximo de pessoas que puder. Ele está mais interessado nisso, em ampliar a sua rede de contatos, ele vai utilizar o que tem na mão”, avaliou.
PROBLEMÁTICA – O efeito negativo é que essa iniciativa através das redes pode saturar o eleitor, sobretudo aquele que não tem muito vínculo com o candidato ou por ser uma pessoa que utiliza a internet como forma de lazer e não gosta de discutir política.
“A pessoa pode não gostar de ficar recebendo mensagens políticas na sua caixa de correio eletrônico ou nas redes. Por isso que isso pode incomodar e levar a uma rejeição, principalmente com aqueles candidatos que insistem em fazer isso muitas vezes”, frisou Ramos.
O cientista reforçou ainda que o perfil de campanha no Brasil é culturalmente muito centrado na figura do candidato e não nos partidos, como acontece no modelo norte-americano. No Brasil, o povo gosta de ver o político na sua rua, apertar a sua mão e dividir um pastel na feira. Portanto, o candidato não deve eliminar o contato direto com a população.
“Muitos deles querem terceirizar o trabalho de conquista de votos, deixar para os cabos eleitorais, mas o contato corpo a corpo ainda é muito importante. Seja para reclamar dos problemas ou para pedir favores, que faz parte da cultura política local e nacional”, completou o cientista político. (P.C.)