Candidatos não prestam contas parciais de campanha e ficam devendo ao TRE

Segundo apuração feita pela Folha, 137 não detalharam os gastos ou disseram que ainda não receberam recursos

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

Mais de 160 candidaturas não apresentaram movimentações financeiras durante a primeira prestação de contas parcial da Justiça Eleitoral que encerrou na semana passada. Deste total, 137 não detalharam os gastos ou disseram que ainda não receberam recursos e 34 não apresentaram a primeira prestação de contas parcial.

A Folha apurou as informações no sistema Cand contas eleitorais. Entre os candidatos a deputado federal, 11 ainda não prestaram contas, e, entre os candidatos a deputado estadual, 23 não prestaram contas.

“O prazo para a prestação de contas parcial já encerrou, e os candidatos e os partidos podem enviar fora do prazo, mas a apreciação dessa intempestividade será julgada pelo relator do processo por ocasião da prestação de contas final”, afirmou o coordenador de controle interno do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR), Alísio Macedo.

A prestação de contas é uma obrigação que deve ser assumida pelo candidato e não pelo partido.

“A responsabilidade da prestação de contas é do candidato, então ele é o responsável pela prestação de informações à Justiça Eleitoral, dentro dos prazos eleitorais. Se ele não prestar contas, pode sofrer sanções eleitorais, um exemplo de sanção eleitoral é a inelegibilidade, ficar sem poder sair como candidato”, ressaltou Alísio Macedo.

Os candidatos que não prestaram contas durante a primeira parcial têm até 30 dias após as eleições para apresentar uma prestação final.

“Os candidatos que não prestarem contas, as contas serão julgadas não prestadas e uma das finalidades é a restrição quanto à certidão de quitação eleitoral, então assim, ficarão inelegíveis pelo período da candidatura a qual concorreram”, explicou.

Há, pelo menos, dois candidatos que não apresentaram receitas na primeira prestação, mas que têm uma concentração de dívidas, ou seja, contrataram serviços para a campanha. Segundo Alísio Macedo, a prática é legal, mas na prestação final, as despesas devem estar pagas e então o candidato precisa apresentar uma receita detalhando quanto recebeu e quanto recebeu durante o período eleitoral para gastos com a campanha.

Confira os gastos dos candidatos ao Governo

Antonio Denarium (PSL) já contratou despesas que passam dos R$ 700 mil, mas declarou que recebeu um total de recursos que equivalem R$ 518,5 mil, sendo R$ 350 mil de doação do partido, R$ 150 mil de recursos próprios e R$ 18,5 mil de doações de pessoas físicas.

Em sua concentração de despesas estão R$ 286 mil para serviços prestados por terceiros, R$ 222 mil destinados a atividades de militância e mobilização de rua, R$ 70 mil para publicidade de materiais impressos e R$ 69 mil com locação de veículos.

O candidato da Frente de Esquerda Socialista, Fábio Almeida (PSOL), não detalhou seus gastos, só deu baixas dizendo que se tratava de recursos próprios ou de recursos do partido político. O candidato recebeu R$ 16 mil do partido e investiu R$ 3 mil de seu próprio bolso.

José de Anchieta (PSDB) recebeu R$ 1,8 milhão de doações de partidos e já gastou R$ 1,2 milhão. Seu maior investimento foi para a produção de vídeos e programas para rádio e TV, que totalizam R$ 530 mil. O candidato do PSDB também doou R$ 297 mil para outros candidatos, usou R$ 40 mil em testes e pesquisas eleitorais e destinou R$ 78 mil para publicidade por materiais impressos.

A candidata à reeleição, Suely Campos (PP), recebeu mais de R$ 1,4 milhão, a maior parte veio de doação do partido. De seus próprios recursos ela investiu R$ 20 mil, recebeu R$ 15 mil de doação de pessoas físicas e R$ 1,4 milhão do partido.

Já contratou pouco mais de R$ 1 milhão de despesas, sendo R$ 700 mil para serviços prestados por terceiros, R$ 125 mil para locação de veículos, R$ 72 mil de despesas com pessoal, R$ 52 mil foram usados para publicidade por materiais impressos e R$ 51 mil destinados para publicidade por adesivos.

Telmário Mota (PDT) recebeu R$ 1,3 milhão de seu partido. Usou R$ 229 mil com locação de veículos, para publicidade por materiais impressos ele usou R$ 191 mil, doou R$ 100 mil para outros partidos ou candidatos, também destinou R$ 100 mil para produção de vídeos, programa de rádio e TV e R$ 52 mil para pesquisas ou testes eleitorais.