O vereador por Boa Vista Rondinele Tambasa (Podemos) afirmou na tribuna da Câmara Municipal na manhã de ontem, 7, que se sente ameaçado pelo também vereador Júlio César Medeiros (Podemos) por conta de um desentendimento relacionado ao processo eleitoral deste ano.
Tambasa teve negado na convenção a possibilidade de se candidatar a deputado estadual pelo partido, que ofereceu uma vaga de deputado federal, o que foi negado pelo vereador. As divergências na escolha dos candidatos do partido para concorrer às eleições 2018 pode terminar em expulsão e virar caso de polícia.
“Eu estava tentando sair amigavelmente do partido para que não ficasse intriga com um e outro, visto que não me deixaram concorrer ao cargo que eu pretendia. Mas o vereador Júlio me pediu que fosse candidato a deputado federal, mas eu disse a ele que não sairia, pois já tinha decidido isso em família. E também expliquei que em minha opinião o partido não conseguiria fazer dois candidatos sem os meus votos. Ele ficou nervoso e me ofendeu”, contou.
Tambasa disse que o colega de partido precisava respeitar sua decisão e fez um pronunciamento na Tribuna da Câmara externando seu mal-estar com a situação. “Me senti ameaçado e registrei ocorrência. Vi [em um edital publicado] na Folha de Boa Vista que o partido vai me expulsar e vou ver juridicamente o que pode ser feito, pois acredito que não fiz nada demais, apenas exigi respeito ao meu direito de sair candidato no que quiser. Eu estou aqui na Câmara para trabalhar pelo povo e espero que a justiça seja justa. Estou amedrontado, mas o boletim de ocorrência vai me embasar. Não tenho nada contra ele. Para mim é vida que segue, pois respeito e convivo com toda serenidade, sempre respeitando o próximo”, disse.
Presidente do partido diz que não houve ameaça
À Folha, o vereador Júlio César Medeiros que é presidente municipal do Podemos explicou que não houve nenhuma ameaça e disse que vai acionar juridicamente o colega para que prove suas acusações. Lembrou que sua vida pública sempre foi pautada na ética e no trabalho e disse que Rondinele Tambasa não respeitou a decisão da convenção partidária que definiu que vereadores não sairiam candidatos.
“No meu entendimento, ele não passou na convenção, o que é um fato normal, como eu também não passei para ser candidato a deputado federal. Nada tenho contra Rondinele, mas essas acusações de ameaças não são verdadeiras e ele tem que ter medo, pois vou processá-lo já que o ônus da prova cabe a quem acusa”, afirmou.
Para o parlamentar, não existe razão para essa confusão estar ocorrendo visto que Tambasa já sabia que não seria candidato. “É um menino que eu gosto, que eu quero bem e nada tenho contra ele. Mas partido é maioria e o que é acordado não é errado. Ele firmou em Brasília um compromisso de ser candidato a deputado federal e quando chegou aqui quis ser estadual. Como existe partido dessa maneira? Não existe e tem que entender que a convenção é maior e decisiva”, comentou.
Sobre o pronunciamento do parlamentar na tribuna, Julio Medeiros disse que pediu cópia da ata e do áudio da sessão e afirmou que vai tomar as medidas cabíveis. “O partido não tem dono tem um conjunto de pessoas que tem propósito em comum. Se eu como presidente municipal entendo que meu nome não passou, porque ele não quer entender. O que não pode é em uma convenção com mais de mil pessoas ele querer tumultuar o processo”, concluiu.
Partido quer expulsão de vereador por propaganda negativa
O presidente estadual da executiva do Podemos, José Vicente Mubarac, abriu procedimento ético disciplinar e pediu ao Conselho de Ética que emita parecer sobre o assunto. Também pediu a expulsão de Rondinele dos quadros do partido por propaganda negativa ao Podemos.
Por fim, proibiu acesso do vereador as sedes municipais, estaduais, bem como a estruturas e documentos do partido. Proibiu ainda qualquer atuação ou manifestação do vereador em nome da agremiação partidária até o final do julgamento.