Além de causar um impacto positivo em determinados setores do comércio, como restaurantes, hotéis e gráficas, o período eleitoral também é avaliado como benéfico para o mercado local como um todo. Isso se dá por conta da geração de empregos e a circulação de dinheiro nas campanhas, porém a expectativa é que o investimento reduza com o passar do tempo.
De acordo com o economista Fábio Martinez, a movimentação no comércio começa até um ano antes do período de campanha, quando já se estrutura os nomes que podem disputar o pleito em outubro. Nesse período, já há uma movimentação maior nas cidades do interior e outros estados, o que determina a contratação de uma equipe de marketing e outros funcionários.
Investimento real, no entanto, acontece com a oficialização da pré-candidatura, quando já se pode associar um número ao candidato. A partir daí, os setores de marketing, publicidade e de gráficas recebem o maior investimento, além dos alimentícios, hoteleiros e outros.
Ou seja, apesar do efeito não ser sentido em todos os segmentos do comércio, de certa forma está se injetando dinheiro e movimentando a economia, já que de alguma forma os recursos estão sendo gastos no mercado local.
“As pessoas das gráficas têm que pagar o pessoal deles, às vezes tem que pagar hora extra, um serviço a mais ou novos funcionários temporários. É um dinheiro que acaba movimentando localmente a economia e para o momento de crise que o país passa, é um bom recurso”, acrescentou Martinez.
PREVISÃO – A expectativa, no entanto, é que a circulação de dinheiro e investimento nas campanhas seja bem menor este ano e nos próximos pleitos, depois da mudança de algumas leis que dão mais transparência aos custos dos candidatos.
Além de evitar irregularidades e desvios de recursos, a ideia também era deixar o processo mais igualitário e baratear os custos de campanha, o que já foi sentido na disputa atual com o crescimento das campanhas feitas gratuitamente através da internet e redes sociais.
“Assim mais pessoas têm acesso e mais pessoas podem ser candidatas. A gente sabe que o poder aquisitivo faz diferença, quem tem maiores condições financeiras consegue comprar mais propagandas, mais exposição e consequentemente fica sendo mais visto pelos eleitores”, concluiu o economista.
Eleitores votam por benefícios e não por ideologia política
Em sentido contrário ao mercado que vem sofrendo mudanças no período, o perfil do eleitorado roraimense permanece com as mesmas características, sem muitas alterações nos últimos anos. A análise é que se manteve o padrão do restante do país onde a escolha do candidato é mais por conta dos benefícios que podem ser recebidos do que pelas propostas e ideologias políticas.
Para o cientista político Roberto Ramos, existem dois tipos principais de perfis em Roraima, principalmente para a população de classes mais baixas. A maioria é formada pelo eleitor disposto a negociar o voto em troca de algum benefício. O outro é formado por aquele que não tem consolidado a sua preferência política eleitoral e tem uma opinião mais volátil, que vai mudando com o decorrer do tempo e de novos acontecimentos durante a campanha.
No caso da classe média, o eleitor também faz esse tipo de política, mas de uma forma diferente. Não tanto em questão de uma cesta básica, mas às vezes pela possibilidade de um benefício em cargo público.
“Basta analisar quantos são efetivos e quantos são cargos comissionados. Então, as pessoas não podem falar do eleitor mais simples. Aquele que não é concursado também usa esse mesmo comportamento nos poderes Executivo, Legislativo e, em menor escala, no poder Judiciário”, avaliou o cientista político. (P.C.)