A pandemia da Covid-19 trouxe muitas mudanças, uma delas foi com relação às pesquisas eleitorais de intenção de votos, por amostragem feitas por telefone. Para melhor entender esse tipo de pesquisa e saber se é ou não confiável, a FolhaBV ouviu o professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Romanul Bispo, que explicou como a população pode identificar a credibilidade da pesquisa.
Conforme o professor, se por um lado a pesquisa por telefone restringe a população da qual se tirou a amostra, por outro, é difícil um eleitor, hoje, não ter telefone, o que democratiza o alcance. Entretanto, para ser idônea a população precisa ficar atenta à escolha desses telefones, que deve ser aleatória.
“Todos os elementos da população têm que ter igual probabilidade de serem escolhidos no momento da coleta da amostra, pois somente assim essa amostra poderá servir de parâmetros para a população da qual foi retirada”, explicou.
A amostragem para ser confiável, detalhou, precisa ser aleatória, para que que não haja procedimentos que leve a escolhas baseadas em elementos pré-concebidos, digamos assim, ao interesse do pesquisador.
“As escolhas devem ocorrer igual como se faz em um sorteio. Ninguém deve estar previamente selecionado. É claro, a dúvida sempre existirá, pois o pesquisador assumirá uma probabilidade de cometer o erro. Confiança de 100% só mesmo quando sai o resultado da eleição. Afinal, é uma pesquisa de intenções de voto, não é o voto”, lembrou.
Romanul Bispo destaca que não é preciso comer todo bolo para saber a qualidade, um pedaço é suficiente (Foto: Divulgação)
Para identificar se uma pesquisa é fidedigna, é preciso analisar se a mesma guarda proporções equivalentes ao que se conhece da população. “Uma amostra com 70% de eleitores na faixa de idade de 16 a 18 anos leva ao descrédito, pois sabemos que a população de eleitores não tem esse percentual para jovens”, explicou Romanul Bispo, ao salientar que o número de entrevistados depende da margem de erro que se deseja assumir, não existindo, portanto, número pequeno ou grande.
Outra dica do professor para identificar a credibilidade da pesquisa é saber de quem é o instituto e o pesquisador, levantar elementos para saber que se existe ligações estreitas com grupos políticos que disputam o pleito, e observar o comportamento do instituto em eleições passadas.
De forma didática Romanul Bispo explica que a população não deve ficar preocupada com o quantitativo de pessoas que foram ouvidas numa pesquisa, achando que por ter sido um número pequeno não representaria a totalidade do eleitorado. “Não precisamos comer todo bolo para opinar sabre a qualidade desse bolo. Um pequeno pedaço é suficiente”, disse.