O bloqueio promovido por grupos bolsonaristas na rodovia federal BR-174, na fronteira do Brasil com a Venezuela, fez a Secretaria Municipal de Educação de Pacaraima (Semecd) decidir suspender as aulas da rede pública do Município nos turnos vespertino e noturno nesta terça-feira (1º).
O prefeito da cidade, Juliano Torquato (Republicanos), explicou à Folha que a decisão foi tomada porque 700 alunos da rede municipal, entre brasileiros e venezuelanos, moram em Santa Elena de Uairén, no território vizinho, e ficaram impedidos de cruzar a fronteira.
Atualmente, segundo o prefeito, 3,7 mil alunos estão matriculados na rede municipal, sendo 2,1 mil venezuelanos. As escolas irão retomar as aulas só na quinta-feira (3), um dia após o feriado de Finados.
Juliano Torquato revelou, ainda, que obteve informações junto a PRF de que houve um acordo com os manifestantes para que o bloqueio total seguisse até 15h.
A manifestação com bloqueio é realizada mesmo após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), exigir que a PRF agisse imediatamente para liberar as vias paralisadas por caminhoneiros em todo o País.
O magistrado estabeleceu multa de R$ 100 mil por hora de descumprimento a ser aplicada diretamente ao diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques. Segundo a decisão, Vasques também poderá ser preso em flagrante e afastado por desobediência, caso haja desrespeito à ordem.
Mais cedo, a PRF havia informado ter desbloqueado todos os pontos de interdição em cumprimento à ordem de Moraes.
Nesta terça, o MPRR (Ministério Público de Roraima) informou que a procuradora-geral de Justiça, Janaína Carneiro Costa, instaurou procedimento para apurar os bloqueios feitos pela BR-174.
Por meio de notícia de fato, a procuradora-geral pediu informações das autoridades competentes sobre os bloqueios, para que sejam tomadas as providências cabíveis para responsabilização dos autores de atos antidemocráticos praticados contra a sociedade.