A aquisição ilícita de pleito, popularmente conhecida como compra de votos é uma prática eleitoral dolosa e ilícita, não necessariamente explícita, de adquirir votos em troca de bem ou vantagem de qualquer natureza, inclusive empregos, funções públicas, presentes e influências políticas. Esta é uma prática condenável dentro da política brasileira, muito embora haja relatos de sua aceitação desde o período da República Velha.
Sua prática era conhecida como “voto de cabresto” e era absolutamente frequente. A população era controlada sob fiscalização e ameaças. Ofereciam a eles moradia, trabalho, troca de favores e até mesmo dinheiro como forma de pagamento. Para aqueles que não cumpriam o combinado, lhes restava a violência.
Como ocorre a venda de votos em Roraima foi tema da entrevista com o professor e cientista político Roberto Ramos, durante o Agenda da Semana, entrevistado pelo radialista Getúlio Cruz neste domingo (23).
O debate criticou a falta de manifestação de ideias entre os políticos e o eleitorado, e como se tornou difícil criar um cenário político com propostas sérias e exequíveis. Roberto Ramos ressaltou como a compra de votos tem se tornado cada vez mais comum no período político; de forma coletiva e sem mais receio.
“Existem três fases no comportamento do eleitorado, em sua primeira fase, o eleitor rejeita toda a conversa sobre a política, e nivela de forma muito baixa a política em si, por que acredita que todos os políticos são iguais. Em seguida, vem a segunda fase, o eleitorado já quer ouvir, manifesta um interesse com a mudança e começa a fazer narrativas de problemas e dificuldades em que o povo vive, e no último momento, infelizmente, é quando o eleitor, não todos, mas em sua maioria, procura algum interesse pessoal para o político. O que eu vou ganhar votando em você” explica.
Para o cientista, antes essas conversas de interesses eram feitas de forma discreta, porém o comportamento do eleitorado mudou, e ele já traz a tona esse interesse de forma clara.
“Ele pede o seu favor sem nenhum receio, quando eu fiz a minha campanha passou uma senhora e me perguntou, e a boca de urna o senhor vai pagar ou não, eu passo o meu endereço” contou. “Ou seja, para essa pessoa falar isso, ela vendeu o voto dela há muito tempo” reafirmou.
Não é apenas as classes mais baixas que vendem os votos
Para o cientista político, ao contrário do que muita gente pensa, não são apenas as classes mais baixas que vendem os votos. “A venda de votos por indicações e vagas de emprego na classe média é muito comum, e muitas vezes é ainda maior. Muitas pessoas que vendem o voto não precisam de recurso”, comenta.
Compra de votos não é apenas culpa do político, mas também do eleitorado
De modo geral, não é a necessidade que define a compra do voto, mas o comum voto que hoje representa uma moeda de troca para o eleitorado. “As pessoas não veem o voto como algo dado por acreditar em um projeto, não veem o voto com a ótica da cidadania. As pessoas se aproveitam dessa descrença geral da política para transformar isso em um ganho econômico. Não adianta colocar a culpa só na classe política, por que isso poderia ser rejeitado pelo eleitor, mas não é. O eleitor também busca por isso” finalizou.
Confira a entrevista na íntegra