Um grupo de pré-candidatos a deputado estadual pelo PSC (Partido Social Cristão) acusa o pastor Isamar Ramalho de usar o púlpito da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Roraima para criticá-los, pela decisão de barrar sua pré-campanha para concorrer uma cadeira na Assembleia Legislativa de Roraima.
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Em entrevista nesta segunda-feira (11), eles acusam o líder religioso de desrespeitar um acordo interno feito pelos pré-candidatos para tentar viabilizar sua candidatura a deputado estadual, e prometeram cobrar da sigla uma nota de repúdio contra os ataques proferidos pelo presidente da igreja, inclusive durante os cultos de doutrina realizados às segundas-feiras na denominação.
Além disso, o grupo promete denunciar o pastor ao Ministério Público devido aos ataques. Os pré-candidatos avaliam que Isamar está misturando as coisas religiosas com as do partido.
No dia 21 de junho, o pedido de candidatura a deputado estadual, apresentado por Isamar, foi rejeitado por 11 votos a 8. A decisão foi confirmada em nota divulgada pela presidência estadual do PSC. Nas redes sociais, apoiadores do pastor repudiaram a rejeição à candidatura.
“A gente acredita que ele tá usando isso de má-fé para os candidatos, porque isso já vinha sido planejado antes”, disse o pré-candidato e cientista social JR Lessa. “Foi uma escolha democrática”.
“Queremos que a nossa decisão seja respeitada”, comentou o comerciante Oreste Aguiar.
Nesta eleição, Ramalho já pretendeu disputar o Governo do Estado pelo PTB e pelo PSC – neste, logo que se filiou. Ele também cogitou disputar o Senado. Para ambas candidaturas majoritárias, ele recebeu apoio dos filiados do partido, com exceção para o cargo de deputado estadual, ao qual agora tenta se viabilizar.
O pré-candidato e empresário Hiran Pinheiro, vice-presidente municipal da sigla, disse que o grupo não é contra o pastor, tampouco ter representantes da Assembleia de Deus no partido, ao justificar que é membro da igreja e que a sigla tem como filiado Júnior Ramalho, filho do líder religioso.
“Aqui há uma construção com esses senhores e senhoras que estão aqui, há algum tempo, para que haja uma representatividade do povo cristão, que hoje, com a entrada do pastor Isamar, com essa insistência do Isamar em trabalhar da forma que está trabalhando, está ocasionando essa instabilidade dentro do grupo”, disse.
“Não estamos com medo de disputar com o pastor Isamar, a gente tem um acordo e a gente tem palavra no PSC, que a gente garantiu a todos eles, com apoio do presidente Frankemberg Galvão, que a gente manteria”, disse o servidor público Joel Lima Queiroz.
Ataques durante cultos
No dia 20 de junho, um dia antes do partido analisar o pedido dele para se candidatar a deputado estadual, Isamar Ramalho criticou os filiados que decidiriam seu futuro nas eleições. “Temos certeza que essa igreja terá seu representante lá dentro daquela Casa Legislativa. Só o diabo que não quer. E quem está sendo usado por ele, eu queria que você orasse agora pra Jesus converter essas pessoas, transformar, fazer alguma coisa acontecer, porque só ao diabo interessa que não tenha um quilo e meio de sal lá dentro daquele parlamento”, disse, em referência à expressão sal e luz, usada por Jesus na Bíblia ao se referir aos fiéis a Deus. “Eu vou ser candidato, amém? Pronto. Eu vou ser candidato. Pode ao diabo não querer!”, repetiu.
Na última segunda-feira (4), Isamar Ramalho disse que a lei do Brasil e o estatuto do partido prevê que quem decide sobre as candidaturas não são os pré-candidatos, mas a convenção partidária do partido. “Continuem orando, eu sou pré-candidato, queiram ou não, eu sou pré-candidato, essa é uma disposição minha de ser. Se o partido diz não, ele que se justifique, porque a reunião que foi feita para decidir, não decidiu nada, muito pelo contrário, tão tentando minar os votos que poderei ter para o futuro, já tão tentando por aí com essa disposição que fizeram, com a nota que foi lançada, simplesmente querendo me bloquear”, disse.
“Tou dizendo pros irmãos, porque se você me ver entrar na Justiça, eu tou apenas tentando garantir o meu direito de cidadão, representante dessa instituição, em sair candidato. Amém?”, disse.
Todos os pré-candidatos se dizem cristãos e revelaram se sentir ofendidos pelas palavras do pastor no púlpito da Assembleia de Deus. “Ele denigre, chama a gente de endemoniado. A gente fica constrangido com tudo isso”, disse a empresária Ivanira Belfort.
Hiran Pinheiro interpreta as falas de Isamar Ramalho, que serão denunciadas, como um “crime eleitoral”.
Para o construtor civil e administrador de empresas Igor Castelo Branco, Isamar “está expondo todos os pré-candidatos. “Isso é ruim para o partido, um partido harmônico, de pessoas íntegras, de pais de família que estão em uma caminhada coerente. E esse senhor Isamar Ramalho que desconstruiu tudo que a gente construiu”.