No programa Agenda da Semana desse domingo (21), apresentado excepcionalmente pelo jornalista Natanael Vieira, na Rádio Folha 100,3 FM, iniciou-se as entrevistas com candidatos a vice-governador em Roraima para falar sobre a campanha para Eleições 2022. Foram convidados Francisco Wapichana (PSOL), Cristina Regina (PV) e Edilson Damião (Republicanos).
O primeiro a participar foi Francisco Alcântara Servino, o Francisco Wapichana, do partido PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), acompanhado do candidato a governador pelo mesmo partido, Fábio Almeida. Da etnia Wapichana, ele é oriundo da TI (Terra Indígena São Marcos) em Pacaraima (228km da Capital) e mora na Comunidade de Campo Alegre, na região do Baixo São Marcos.
Esta é a primeira que Francisco Wapichana concorre a eleição. Desde a infância, a vida política baseou-se em movimentos indígenas em prol de melhorias aos moradores das comunidades em Roraima.
Durante a conversa, Wapichana destacou os avanços e os percalços encontrados pelos moradores do interior nas áreas da Saúde, Educação e trafegabilidade. Garantiu que ao lado de Fábio Almeida trabalhará em parceria com as prefeituras do interior para atender aos indígenas e não-indígenas. “Estado de Roraima é minha comunidade, um povo só”, disse.
A frente da Associação dos Povos Indígenas da TI São Marcos, as principais bandeiras e demandas apresentadas a ele foram Saúde e Educação que, segundo Wapichana, andam lado a lado. Contou que ambas estão abandonadas pelos Governos Federal e Estadual. “Educação é muito precária dentro das comunidades indígenas. Ouvimos muitas reclamações nas comunidades, são pedaços de cadeira, não tem material suficiente, na parte do transporte são carros velhos, quem sofre com isso são os coordenadores, gestores de escola porque eles são cobrados, mas eles não são culpados, são os empresários que colocam carro velho”, citou.
Como proposta para governar ao lado do titular, caso eleitos forem, tem o intuito de fortalecer os laços com as prefeituras para viabilizar políticas públicas para todos os moradores, com foco aos produtores. “Vai depender do povo, do meu povo, se der um voo de confiança, não faremos 100%, mas procuraremos melhorias para pessoas indígenas e não-indígenas”, ressaltou Wapichcana.
Segundo o candidato a vice-governador, ele está preparado para assumir a responsabilidade do cargo, disse conhecer as demandas tendo como base os anos à frente da Associação.
Ao falar sobre Governo Federal, Wapichana foi contundente sobre ajuda para Roraima independente do presidente eleito, ou reeleito. “Tudo que nós temos hoje é Governo Federal, vamos ter que pedir ajuda, parceria com o Governo Federal para melhorias para o nosso Estado”.
O candidato teceu críticas aos tratamentos dos governos federal e estadual para com os indígenas. De acordo com Francisco Wapichana, há abandono, pois nas comunidades faltam estruturas para equipes de saúde trabalhar, não há escolas e nem merenda adequada para as crianças. Ele sugeriu que os produtos para alimentação escolar fossem comprados nas regiões, sem agrotóxico.
“Tem a APM [Associação de Pais e Mestres] que recebe recursos do governo federal, existe muita merenda regional, sem veneno. No meu governo vamos buscar esses recursos para receber a merenda da própria região”, sugeriu Wapichana ao cadastro destas instituições de ensino pelo Governo do Estado para fazer levantamento e ser abastecidas com insumos locais.
Questionado por ouvintes sobre a exploração de minério por garimpo ilegal nas terras indígenas, Francisco Wapichana se colocou contra a atividade. “Não ajuda ninguém, acaba com a natureza, com o meio ambiente”, e como solução, apresentou, será buscar oportunidades de emprego para que estas pessoas saiam “do mato” e trabalhem sem arriscar a vida e os recursos naturais. “Vamos buscar um projeto para que essas pessoas tenham um bom emprego. Vamos buscar parceria para ocupar essas pessoas”.
Sobre o tema drogas, o candidato pelo PSOL afirma que o problema chegou às terras indígenas e precisa ser combatido com todos os aparatos disponíveis. Com isso, a intenção é colocar todos os policiais nas ruas, seja na capital ou no interior, reduzir o número de policiais em quadros administrativos.