Após denunciar descaso da FRV atletas serão julgados pelo TJD

O desabafo de um atleta da Seleção Roraimense de Voleibol que participava da 2ª Copa Amazônia de Voleibol, evento realizado em Manaus-AM e encerrado na sexta-feira, dia 25, resultou em confusão, anúncio de punição e até registro de Boletim de Ocorrência (B.O) num Distrito Policial de Boa Vista.

Preocupado com os poucos recursos que o presidente da Federação Roraimense de Voleibol (FRV), Azuilo Brito, depositou no primeiro dia de competição, cerca de R$ 200 por dia, o atleta Sheldon de Souza postou nas redes sociais que o dinheiro enviado não era suficiente para os dez atletas mais o treinador fazerem as refeições diárias em Manaus durante a competição, de 21 a 25 do mês passado.

“A Federação Roraimense de Voleibol não forneceu à equipe o apoio necessário para nossa estadia em Manaus durante os jogos. Chegamos a pedir ajuda nas redes sociais porque não tínhamos o que comer e como voltar para Boa Vista”, descreveu um dos atletas em sua rede social.

A Folha falou com o treinador Izerbleidson Franco que confirmou o repasse de apenas R$ 200 no primeiro dia e que o restante do dinheiro foi repassado de forma parcelada e sempre menor do que o combinado antes da viagem, que seria de R$ 275 diários.

“Assumi a refeição da equipe no domingo certo de que a FRV iria enviar os recursos para os outros seis dias, o que não aconteceu”, disse. “O presidente depositou apenas R$ 200 dos R$ 275 que ficou definido por dia para o café, almoço e jantar da equipe. No dia seguinte o depósito também foi insuficiente para pagar as despesas e assim foi fracionando o recurso até o final da competição e isso nos prejudicou, pois não tínhamos dinheiro para ir bancado às despesas para receber depois”, frisou. “Só no final é que chegou o dinheiro e deu para pagar todas as despesas”, complementou.

A nota divulgada pelo atleta nas redes sociais teve grande repercussão e outros atletas, federados ou não à FRFV e torcedores da modalidade, o que motivou o presidente da entidade a emitir uma nota na página social da FRV punindo o atleta Sheldon e mais a atleta Patrícia Carvalho, que promoveu uma campanha pedindo ajuda para os atletas que estavam em Manaus.

“Resolvemos suspender, por tempo indeterminado, os atletas Sheldon de Souza Bichara e Patrícia Vasconcelos Carvalho de qualquer atividade da FRV/CBV, até que seja pago multa no valor de 200 reais, por cada publicação indevida nas redes sociais, tais como: Jornais, Facebook, WhatsApp e outros….”, destacou a nota, que foi retirada na manhã de ontem, juntamente com as postagens criticando a medida.

Por telefone, Azuilo Brito disse que o dinheiro foi fracionado devido à crise que o país atravessa e a Federação Roraimense de Voleibol e não tem recursos para bancar de uma vez.

“As despesas dessa competição são exclusivamente das federações da região Norte e não da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e quanto a passar o dinheiro das despesas de alimentação diariamente isso já foi combinado antes que seria assim“, afirmou.

Ele informou que todas as delegações ficaram num mesmo hotel contratado pelas federações e com ajuda de custo da CBV e ficou definido que todos fariam a alimentação (café, almoço e jantar) num mesmo restaurante em frente ao hotel e que seria cobrado R$ 25 por dia de cada atleta. Como a delegação de Roraima foi composta por 11 pessoas, daria R$ 275 por dia e R$ 1.650 nos seis dias.

“Dei dinheiro em mãos para o treinador comprar as passagens de ida e mais R$ 100 para manutenção da segunda-feira e ele me garantiu que se responsabilizaria pela alimentação do domingo e na segunda depositei R$ 200 que seria complementado com o dinheiro que já havia lhe dado”, explicou.

Izerbleidson informou que os R$ 100 foram gastos com pagamento do transporte para levar a delegação ao hotel.  

Quanto à punição aos atletas, Azuilo disse que foi devido a postagens difamatórias, caluniosas e ameaçadoras contra ele e a federação. “Já entramos em contato com nossa assessoria Jurídica e a denúncia está sendo encaminhada ao Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) para que tomem as medidas cabíveis”, disse. “Mas, por enquanto os atletas permanecem na responsabilidade de uma comissão que vai convocar os atletas para que eles possam se manifestar e ter o direito de defesa e apresentar as provas, mas será o TJD que vai dizer se serão punidos ou não”, disse. “Quanto à outra atleta (Patrícia Carvalho) ela é a mentora, juntamente com o Sheldon, de todo esse imbróglio que está acontecendo. Ela já havia difamado a federação e a minha pessoa e já acionei a assessoria jurídica para tomar as providências”, disse.

Sobre o Boletim de Ocorrência registrado contra a atleta Patrícia, de início ele desconversou. “É você que está dizendo”, para depois, ao saber que a reportagem tinha uma cópia do B.O, dizer: “Só posso te adiantar que nós vamos tomar as medidas cabíveis através da nossa assessoria jurídica”, finalizou.