Chama olímpica chega a Roraima

Chegou um dos dias mais aguardados pela população roraimense em 2016. Entre as 10h e 23 horas deste sábado, o público poderá acompanhar a passagem da tocha olímpica por Boa Vista em um percurso de 32 quilômetros, que inclui as principais avenidas e ruas da Capital, e o Rio Branco, sob a condução de 155 pessoas, entre atletas e personalidades locais que possuem “relevância para a comunidade”, segundo a organização do evento. O revezamento pode ser considerado “único” para a cidade e para o Brasil, que é o primeiro País da América do Sul a receber os Jogos Olímpicos da Era Moderna.

A visita à comunidade indígena Campo Alegre, na zona rural de Boa Vista, é um dos momentos mais aguardados do revezamento. O paraquedista Luigi Cani, conhecido como o “homem-pássaro”, chegará ao local ao saltar no ar segurando a tocha. Ao pousar em solo, entregará o objeto olímpico à índia macuxi Lourdes dos Santos Sampaio, conhecida na região por seu trabalho na área da agricultura comunitária e na culinária indígena.

Apesar do risco, o paraquedista não teme a um dos maiores desafios de sua carreira, que já acumula mais de 11 mil saltos pelo planeta. “Eu já fiz coisas mais arriscadas”, diz. “Esse é um dos maiores (desafios da minha carreira), sem sombra de dúvida. Agora o risco de ser uma coisa perigosa, não tem tanto esse risco. É mais um risco de acontecer alguma coisa errada, como não conseguir segurar a tocha, perder a tocha em queda livre, na hora da abertura do paraquedas”, explicou.
Já o mistério do evento está sobre quem irá acender a pira de celebração, por volta das 19 horas, na praça Fábio Marques Paracat, marcando o fim do revezamento na cidade e o início do Boa Vista Junina, cuja programação de abertura inclui a apresentação da banda Monobloco. A organização não revelou o nome.

O trajeto da tocha da Olímpiada do Rio segue a antiga tradição do acendimento da chama nas ruínas do templo de Hera, na cidade de Olímpia, na Grécia. Em abril passado, naquela localidade, as chamas foram acesas por meio de uma “skaphia”, uma espécie de espelho côncavo que converge os raios solares para um ponto específico. Na sequência, a chama seguiu viagem por parte da Europa e chegou ao Brasil em 3 de maio, em Brasília.

Desde então, vem passando por cidades de Norte a Sul do País. Boa Vista é uma das 329 cidades brasileiras a receber a tocha olímpica. Na Capital, o revezamento terá oito pontos com programações diversas, desde competições esportivas a apresentações artísticas e musicais, uma grande mistura para celebrar o espírito olímpico e o anúncio da chegada dos Jogos Rio-2016.

“O objetivo do revezamento é anunciar a chegada dos Jogos e a promessa de realizá-los, e mostrar a diversidade do nosso País, engajando a população”, destacou o assessor de comunicação da Rio-2016, Leonardo Rui.

A prefeita Teresa Surita lembrou que a tocha “simboliza a paz” principalmente em momentos difíceis, como a crise que o Brasil enfrenta atualmente. “Para o nosso País, (a tocha) é muito importante, principalmente nesse momento que a gente está vivendo, cheio de crise, cheio de problemas. Então, receber atocha, tomara, sim, que todos estejam voltados para isso, e que a gente possa comemorar muito a passagem dela não só por Boa Vista, mas como em cada cidade do Brasil”, declarou.

Confira a programação dos pontos principais da passagem da tocha por Boa Vista!
 
Recepção da Chama Olímpica
Local: Aeroporto Atlas Cantanhede
Horário: 10h às 11h
Programação: Quadrilheiros do Boa Vista Junina
 
Comunidade Indígena Campo Alegre (na zona rural de Boa Vista)
Horário: 12h30
Programação: Salto do “homem-pássaro” Luigi Cani e dança Parixara
 
Gastronomia de Ouro
Local: Praça das Águas
Horário: 12h às 14h30
Programação: Feijoada Olímpica, Pagode com Estilo, Guerreiros de Jorge e Orquestra do Instituto Boa Vista de Música (IBVM)
 
Projeto GoLadeira
Local: Getúlio Vargas
Horário: 14h às 15h30
Programação: DJ Clandestino, grupo de Hip Hop e grafiteiros
 
Instalação Artística Cores do Rio Branco
Local: Porto Marina Meu Caso
Horário: 15h às 16h
Programação: Artistas plásticos regionais e exposição de canoas
 
Anfiteatro da Orla Taumanan
Horário: 14h às 17h
Programação: Geração Roots, JamRock e Back Country
 
MiniOlimpíadas
Local: Vila Olímpica Roberto Marinho
Horário: 16h às 17h30
Programação: DJ Estrela e grupo de capoeira Raízes do Brasil (Mestre Caimbé)
 
Aulão Academia Aberta
Local: Parque Germano Augusto Sampaio
Horário: 17h às 18h30
Programação: Banda Fuzuêra e Marcos King e Banda
 
Celebração da Chama Olímpica
Local: Praça Fábio Marques Paracat
Horário: 16h às 23h
Programação: DJ Toniolli, grupo Locômbia, Trio Roraimeira (Eliakin Rufino, Neuber Uchôa e Zeca Preto), quadrilheiros, protocolo de acendimento da Pira de Celebração, JM Jazz Estúdio de Dança, DJ Márcio Mota e banda Monobloco.

Organização comenta polêmica sobre condutores com pouca relação com o esporte

O revezamento da tocha olímpica no Brasil vem recebendo inúmeras críticas sobre a possibilidade de alguns condutores escolhidos não possuírem relação profunda com o esporte. Em Fortaleza, por exemplo, a ex-BBB Ana Paula Renault foi uma das participantes do evento e virou polêmica nas redes sociais.

Em Boa Vista, atletas locais e pessoas ouvidas pela Folha reclamaram das indicações na cidade. E nesta sexta-feira, em entrevista coletiva, um dos organizadores do revezamento local, o presidente da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura (Fetec), Daniel Lima, justificou as indicações, sobretudo as da Prefeitura de Boa Vista.

“A prefeitura indicou 12 (nomes), os patrocinadores indicaram 143 pessoas. Eles não são necessariamente pessoas que têm que ser atletas. E é isso que é o legal do espírito olímpico, porque a ideia é que são pessoas que têm relevância, significado, história, trabalhos bonitos”, declarou.

O assessor de comunicação do Comitê Rio-2016, Leonardo Rui, também destacou que os condutores “foram escolhidos em campanhas públicas por patrocinadores como Coca-Cola, Nissan e Bradesco. Qualquer um poderia se candidatar, contando sua história, contando por que merecia conduzia a tocha. São pessoas de relevância para a comunidade, pessoas que fazem o bem, pessoas que fazem a diferença, pessoas que inspiram os outros, pessoas que são uma referência na cidade, porque o objetivo do revezamento não é só mostrar o Brasil, mas principalmente mostrar os brasileiros”, explicou.