Esporte

Dirigentes se movimentam para vencer ‘dono do futebol’ de RR no voto

Desde 2008, Zeca Xaud não possui concorrentes em eleições. Mandatário está há quase 50 anos no comando do futebol do Estado

Presidente de federação mais longevo do País, José da Gama Xaud, de 77 anos, pode ter uma chapa concorrente na eleição da Federação Roraimense de Futebol (FRF) em 1º de janeiro de 2023. Isso não acontece desde 2008. Xaud está desde 1974 no poder.

A Folha apurou que o presidente do Atlético Roraima, Denner Andrew – filho e sucessor do pai aliado de Xaud, Carlos Alberto dos Santos (morto em 2020), e o vice-presidente do Baré, Oziel Araújo, devem oficializar uma candidatura e se movimentam nos bastidores para conquistar os votos dos outros sete clubes filiados. Até agora, conquistaram apoio de cinco das nove equipes locais, o que seria suficiente para superar Xaud, se o pleito fosse hoje.

Roraima e Baré são os clubes que mais ganharam títulos na história do Campeonato Roraimense e, por vezes, polemizam na briga pelo posto de maior campeão do Estado. Não há muitos registros sobre os campeonatos mais antigos, mas a maioria dos pesquisadores somam 26 títulos barelistas e 24 tricolores. Agora, decidiram jogar do mesmo lado nos gramados da política do futebol.

Internamente, os dirigentes falam no interesse de mudar o futebol local, o qual consideram “arcaico” e “ultrapassado”, e dar um novo rumo à modalidade no Estado, de forma que atraia incentivo e visibilidade. Além disso, há até a ideia de abrir espaço para novas filiações à FRF, o que não acontece desde 2011, quando o Real, de São Luiz (RR), se profissionalizou.

Na eleição de 2019, a chapa “Trabalhando pelo Futebol de Roraima” liderada por Zeca Xaud, como é conhecido o “dono do futebol” do Estado, foi reeleita por aclamação para comandar a entidade no quadriênio de janeiro de 2019 a janeiro de 2023 – dos nove clubes, só Baré e GAS não compareceram.

Nesses anos todos, Xaud repete que não é sua a culpa para o futebol de Roraima ocupar as últimas posições, ao dizer que a federação só organiza os campeonatos. Repete, também, que a federação é a única do mundo que ajuda os clubes, pagando taxas e diárias até dos gandulas nos torneios.

Resta saber se os clubes estão dispostos a continuar esse formato de gestão, a última do Brasil a profissionalizar a modalidade, em 1995. Atualmente, Roraima ocupa a 23ª colocação no ranking nacional de federações – já esteve em último -, muito por conta do desempenho do maior clube local na atualidade, o São Raimundo, o 78º melhor do País.