FUTEBOL

Dorival Júnior é apresentado na seleção brasileira e pede nova postura

Em coletiva de apresentação, o treinador também insistiu que "cada um assuma um pouco mais de suas responsabilidades"

O novo técnico da seleção brasileira Dorival Júnior (Foto: Staff Images/CBF)
O novo técnico da seleção brasileira Dorival Júnior (Foto: Staff Images/CBF)

Dorival Júnior pediu em boa parte dos 41 minutos de sua primeira entrevista como treinador da seleção brasileira uma “mudança de postura”. Na primeira resposta, afirmou que “o atleta precisa entender que está vestindo uma camisa muito pesada”. Durante a coletiva de apresentação, realizada nesta quinta-feira (11), na sede da CBF, no Rio de Janeiro, o treinador também insistiu que “cada um assuma um pouco mais de suas responsabilidades”.

Para ele, o mau momento da seleção não é reflexo (apenas) da falta de bom futebol. Ao contrário, ele aprovou a renovação que vinha sendo feita por Fernando Diniz e elogiou o trabalho de Tite, que ficou mais de seis anos à frente do Brasil. “O Tite fez um dos trabalhos mais bonitos dos últimos anos em relação a uma seleção. Infelizmente, os resultados acabaram não acontecendo nas duas últimas Copas”, considerou o técnico.

Na avaliação de Dorival, a seleção precisa de uma mudança “emocional e postural”. Ele também quer mais protagonismo de todos que estejam envolvidos com a equipe nacional. “De modo geral, e isso se repete em clubes e seleção, acaba estourando nos treinadores, em comissões. O atleta não tem ideia do que ele representa, do quanto ele pode, das qualidades que ele possui, do diferencial que ele possa ter a partir do momento que ele esteja vestindo uma camisa como a nossa”, sustentou o treinador

“Eu peço que cada um assuma um pouco mais as suas responsabilidades. Você dividindo, é natural que torne o fato muito menos pesado, porque você assume uma condição. Você vestindo essa camisa, você fatalmente vai ajudar nessa recuperação”, acrescentou o técnico.

“Não é a seleção brasileira de determinado treinador, é a seleção do povo, é a nossa seleção. Nós temos que sentir um pouco mais, nós temos que viver um pouco mais, nós temos que ajudar um pouco mais. É em momentos como este que a gente se questiona: ‘o que eu posso fazer?’. Nos momentos de vitória, as coisas acontecem de maneira natural, mas em momentos como este eu também tenho que me sentir como parte de um todo. Eu estou participando desta recuperação, eu vou ser responsável por uma conquista, eu vou ajudar”, disse Dorival. “Todos nós precisamos de um pouco mais, de algo mais.”

Primeira convocação

A primeira convocação de Dorival Júnior no início de março será feita para dois amistosos na Europa, diante de Espanha e Inglaterra. A segunda, porém, já será para uma competição oficial: a Copa América dos Estados Unidos, marcada para junho e julho.

A competição será em meio ao Campeonato Brasileiro, e os clubes que tiverem atletas convocados poderão ficar desfalcados por até dez rodadas. Nesta quinta, Dorival foi questionado sobre o assunto e deixou transparecer que não deixará de convocar ninguém que considere importante para a seleção.

“Já sofri bastante com tudo isso, mas nunca tirei a possibilidade de o profissional estar à frente do seu maior sonho, não acho direito isso”, declarou Dorival Júnior. Ele lembrou que em 2016, quando dirigia o Santos, perdeu seis atletas por um longo período porque eles foram cedidos à seleção olímpica e para a disputa da Copa América daquele ano.

“Eu sei o quanto pesa a saída desses jogadores, mas também o quanto são importantes dentro da seleção. É preciso um equilíbrio entre necessidade e a vontade de um atleta e de seu clube. Não é fácil, não. Eu já vivi o outro lado, e agora vou ter que pensar nessa forma e me colocar na situação de treinador do lado oposto.”

Trajetória de Dorival

Campeão das duas últimas edições da Copa do Brasil (São Paulo, em 2023, e Flamengo, em 2022), Dorival chega ao comando da seleção brasileira com mais de 20 anos de experiência como treinador. Ele conquistou também a Libertadores em 2022 pelo Flamengo, a Recopa Sul-Americana em 2011 pelo Internacional e a Copa do Brasil em 2010 pelo Santos. 

Seu primeiro trabalho como técnico foi em 2002 na Ferroviária, clube que o revelou para o futebol durante seus tempos de atleta. Depois, passou pelo Figueirense, onde ganhou o Campeonato Catarinense de 2004, seu primeiro título como treinador.

Em seguida, comandou Fortaleza, Criciúma, Juventude, Sport, Avaí, São Caetano, Cruzeiro e Coritiba até chegar ao Vasco da Gama e vencer seu primeiro título nacional: a Série B do Campeonato Brasileiro de 2009. Com a conquista, Dorival foi contratado pelo Santos, que se sagrou campeão do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil em 2010.

Na sequência, trabalhou no Atlético-MG, Internacional, Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Athletico Paranaense e Ceará e voltou a trabalhar em Vasco e Santos. Como técnico, Dorival tem oito títulos estaduais, três da Copa do Brasil, um da Copa Libertadores, um da Recopa Sul-americana e um da Série B do Campeonato Brasileiro.

Como jogador, começou a carreira profissional na Ferroviária, time em que cultivou seu amor pelo esporte desde criança por acompanhar seu pai, que trabalhava na equipe Grená. Apelidado apenas de Júnior, ele atuava como volante e defendeu 12 clubes, incluindo Palmeiras, Grêmio, Juventude e Coritiba, além de equipes de Santa Catarina e do interior de São Paulo. Entre suas conquistas estão a Série B de 1994 pelo Juventude, o Campeonato Gaúcho de 1993 pelo Grêmio e o Catarinense de 1987 com a camisa do Joinville.

*Com informações do Estadão Conteúdo