Esporte

Em Roraima, Emanuel Rego fala em ajudar novos atletas a ganharem o ouro olímpico

Ex-jogador de vôlei de praia também comentou sobre estar fora da Rio-2016, a nova geração do vôlei, os patrocínios, o apoio familiar e as críticas

“Quando eu fui para a final olímpica em 2004, eu falei para mim mesmo: se eu chegar a ser campeão olímpico, eu vou predispor o meu tempo para ajudar outras pessoas a chegarem a esse caminho”. A frase foi dita pelo campeão olímpico de vôlei de praia em Atenas, Emanuel Rego, durante sua primeira passagem por Boa Vista, nesta quinta-feira, feriado de Corpus Christi.

Na cidade, o ex-jogador de 43 anos comentou sobre estar fora dos Jogos Olímpicos Rio-2016, sobre a nova geração do vôlei brasileiro e os incentivos ao esporte, e destacou a importância do apoio familiar e até das críticas, que lhe fizeram o maior campeão da história do vôlei de praia, com 155 títulos.

Com cinco olimpíadas no currículo, sendo medalhista de ouro em Atenas-2004, prata em Londres-2012, e bronze em Pequim-2008, Emanuel ficou de fora dos Jogos em seu País. Na Rio-2016, o ex-jogador, que se aposentou em março passado, será comentarista da TV Globo. Também apoiará o Brasil como presidente da comissão de atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

“É lógico que eu gostaria de estar na minha sexta olimpíada participando, representando o Brasil. Infelizmente não consegui me classificar, mas vou participar sendo comentarista do esporte que eu tanto ajudei a contribuir”, declarou.

Para a nova geração, Emanuel disse que sua missão“é dar tranquilidade” e dizer aos atletas “que eles vão chegar lá”. Ele afirma que a renovação não vem “de um dia para o outro”, que “demora um tempo”, mas espera que este processo se acelere.

Sobre patrocínio, o ex-jogador diferenciou-o do tempo em que começou a carreira, no início da década de 1990, ao afirmar que hoje, a palavra significa “parceria”. E para se tê-la, Emanuel disse que o atleta precisa “se vender bem, tem que falar bem, tem que fazer o bem para comunidade dele para depois ir atrás do patrocinador. Patrocinador não quer só uma imagem na televisão, ele quer ligar o nome dele a uma pessoa de sucesso”.

O campeão olímpico também destacou sua preocupação com o esporte escolar e de formação, tendo ele mesmo como exemplo. “Nos últimos dez anos, em função de Copa do Mundo, de Jogos Pan-americanos e Olimpíadas, o foco do esporte foi só o rendimento. Isso não é a nossa característica, a nossa característica é trazer o esporte para a escola novamente, fazer um esporte de formação”, declarou.

Para chegar ao sucesso, o ex-jogador disse que contou com o apoio da família, principalmente do pai, que viu em Emanuel uma forma de continuar a carreira de esportista. “Ele não pôde seguir a carreira esportiva, então ele me apoiou bastante”.

“Meu pai esteve presente em praticamente todos os meus treinos, em todos os meus jogos, ele tem mais de 280 DVDs com todos os meus jogos”, relatou. Sobre a mãe, disse que ela “sofreu” quando ele saiu de casa para se dedicar ao esporte.

Se de um lado o craque tinha o apoio da família, o outro era ocupado pelas inúmeras críticas. Em Sidney-2000, a dupla Emanuel e José Loiola Júnior era a favorita à medalha de ouro, porém, ficou em nono lugar. Com a campanha ruim, Emanuel ouviu sugestões até para abandonar a carreira.

Em resposta, formou dupla com Ricardo Santos para Atenas-2004. Para obter o ouro, contratou uma equipe de psicólogos e um profissional de estatísticas. A ideia deu certo e a medalha veio para o Brasil. “Esse é o perfeito exemplo de que as críticas podem ser construtivas, dependendo da forma que você age com elas. Eu tive muita sorte de ter meus ouvidos abertos para ouvir críticas e saber que as críticas são construtivas”, declarou.

Em sua brilhante carreira, Emanuel também foi ouro nos Jogos Pan-americanos Rio-2007 e Guadalajara-2011, tricampeão mundial, e conquistou dez títulos do Circuito Mundial e nove do Brasileiro. Ele foi eleito o atleta da década de 1990 pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB).

Em Boa Vista, Emanuel Rego visitou atletas no Instituto Federal de Roraima (IFRR), na Universidade Federal de Roraima (Uerr), no ginásio da Vila Olímpica – onde era realizado o Peneirão de jogadores entre sete e 17 anos – e no Centro de Treinamento da Federação Roraimense de Vôlei (FRV). A presença dele na cidade serviu como incentivo aos jogadores roraimenses.