
Natural de Boa Vista, Roraima, Luã Niger Silva de Souza, de 26 anos, lateral-direito do São Raimundo, conta em entrevista à FolhaBV que a paixão pelo futebol veio de berço, pois seu pai e seu tio também foram jogadores. Eles não atuaram apenas em Roraima, mas também em outros estados. Sempre incentivado pela família, ele teve o suporte necessário para seguir firme na carreira.
Um detalhe curioso em sua história, é que ele recebeu o apoio de mãe em dose dupla, além de ser agraciado pela benção de sua mãe lógica, teve sua tia que o criou, por quem tem muito carinho, a considerando como mãe também. Ambas sempre foram presentes em sua trajetória, acompanhando-o durante jogos fora do estado e até aqui no Estádio Canarinho, onde relatou levar alguns puxões de orelha algumas vezes.
“É até engraçado porque as vezes minha mãe briga comigo porque não olho muito para ela, mas digo que lá na hora a gente na adrenalina nem escuta muito na verdade, ainda mais quando o Estádio ta cheio”, conta o Luã, rindo.
O atleta conta que nos dias de jogo nem precisa mobilizar a família para ir assisti-lo, pois todos vão não só para apoiar ele, mas também o Mundão.
“O sentimento a sensação só de saber que eles estão lá em cima me apoiando, apoiando o time, tenho nem palavra para descrever”, disse o atleta emocionado.
Primeiros passos
Luã deu os primeiros chutes ainda criança, em escolinha de futebol na capital, que atualmente é conhecido como Esporte Clube Extremo Norte. Ainda adolescente, resolveu “dar um pulo lá fora”, em que começou jogando na base da Portuguesa Santista, em São Paulo, onde chegou a ter boas oportunidades. Porém, retornou a Boa Vista para dar prioridade aos estudos por um tempo, afinal, as suas mães o apoiavam, mas por serem professoras entendiam o valor dos estudos na vida dele.
Com o diploma de ensino médio em mãos, o atleta voltou a se dedicar integralmente ao esporte. Aos 16 anos, o São Raimundo abriu as portas para ele, foi então que começou a usar a camisa do Mundão. Começou na base e logo foi acolhido por Chiquinho, figura fundamental na sua trajetória.
“A relação que tenho com o Chiquinho é quase de pai pra filho. Sempre me deu oportunidades, acreditou em mim. É uma relação muito verdadeira”, disse o atleta.
Sob o comando do técnico Beto, disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior atuando como meia, posição que jogava originalmente. Foi Beto, inclusive, quem sugeriu ao Chiquinho para que mudasse ele para atuar como lateral-direita.
Momentos marcantes
Depois da Copinha, Luã teve uma nova chance de voltar para São Paulo, onde passou três temporadas no Comercial Esporte Clube, em Ribeirão Preto. Lá, viveu um dos momentos mais marcantes da carreira, com acessos da Série A3 para A2 e pela Sociedade Esportiva Matonense da Série A4 para A3. Inclusive marcou ele também pelo fato de ter sido o período que seu filho já havia nascido, era um bebê ainda.
“O estádio estava lotado, uma atmosfera que eu nunca tinha vivido. E ter minha mãe, minha esposa e meu filho comigo naquele momento… foi algo que não tem explicação. A gente fez uma roda no meio de campo com as famílias. Foi inesquecível”, contou Luã.
Ainda quando estava no seu auge, o inesperado aconteceu. Durante uma competição Luã sofreu uma lesão no metatarso, e precisou passar por cirurgia, colocou pino no pé e precisou ficar cerca quatro meses afastado. Após esse período afastado, como estava aqui em Boa Vista, a família juntamente com a diretoria do Mundão conversaram para ele voltar ao futebol pelo time alviceleste.
Pai, ídolo e inspiração
Pai presente, Luã também é inspiração para o filho. Apesar de ainda pequeno, o menino já demonstra admiração pelo pai jogador.
“É engraçado. Antes dos jogos, minha esposa pergunta quantos gols ele quer que eu faça. E ele sempre pede ‘faz tudinho’. No jogo contra o Náutico eu fiz dois e falei pra ele: ‘Você pediu, papai fez tudinho hoje”, compartilhou Luã.
Orientações
Luã nunca precisou trabalhar com outra coisa além do futebol, embora sempre ajudasse a mãe em casa. Hoje, além de seguir firme na própria carreira, dedica parte do tempo aos treinos e orientando os meninos da base que circulam pela sede do São Raimundo.
“A molecada tá sempre por aqui na Sede, temos um espaço de descontratação que jogamos sinuca, conversamos. A gente dá conselhos, mostra o que devem e o que não devem fazer. Queremos dar o melhor caminho pra eles, seguirem e chegarem lá aonde todos querem e poucos conseguem”, disse o atleta.
Sonho
Ele ainda citou sobre o sonho de jogar em um time de um cenário maior.
“Sempre foi um sonho jogar em um time grande. Quando o São Raimundo vai bem na Copa do Brasil, a gente pensa em algo mais, em se destacar. Essa sempre foi a meta. E a gente segue lutando”, comentou o jogador.