Esporte

Melhor de RR precisa estar no top 2 do país para ter chance nas Olimpíadas

Roraimense Flávio Monteiro é hexacampeão sênior da Copa Brasil e até hoje é o único do estado a disputar uma seletiva para o Mundial

Ana Marcela Cunha garantiu nesta terça-feira, 3, na maratona aquática feminina de 10km, o quarto ouro para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Os números da atleta de 29 anos nem se comparam com o maior nome da modalidade em Roraima, que é um homem: Flávio Monteiro, de 28 anos, hexacampeão sênior da Copa Brasil. Único do estado que disputou uma seletiva para o Mundial, o nadador precisa ser um dos dois melhores do país para tentar uma vaga em Paris 2024.

Treinado pelo pai Silvio Monteiro, Flávio já disputou provas estaduais, regionais e nacionais de 10km – como a vencida pela baiana -, mas se especializou em percursos menores, como os de 5km, e por classes. Seu maior título é na Copa Brasil pela categoria Sênior (de 20 anos em diante). Por sua vez, Ana Marcela, eleita melhor do mundo por seis vezes, disputa provas absolutas (com atletas de várias idades) e é tetracampeã mundial nos 25 km e atual campeã pan-americana nos 10 km.

Algo a orgulhar a maratona aquática do estado? O fato de Flávio ser o nadador de Roraima que chegou mais perto de disputar uma seletiva olímpica. Em 2019, se tornou o primeiro do estado a disputar a travessia de 5km do Troféu Brasil Maria Lenk, no Rio de Janeiro. Para ter uma ideia, quando Ana Marcela cruzou os 5,2km de prova nesta terça, ela cravou 1h02min30seg de tempo.

O torneio de 2019 era seletiva para o Mundial da Coreia, mas Flávio acabou em 14º com o tempo 1h07min12seg. Os dois primeiros colocados Diogo Villarinho (58min46seg) e Allan do Carmo (58min48seg) se classificaram e ainda foram para o Pré-Olímpico de Setúbal, mas não ficaram entre os nove primeiros e o Brasil ficou sem representante na maratona aquática masculina em Tóquio.

“A estrutura que a Ana Marcela tem hoje é de primeiro mundo. […] Ela faz parte do projeto olímpico da Marinha, tem o apoio do COB (Comitê Olímpico do Brasil), além dos patrocínios particulares dela. Isso tudo proporciona a ela toda uma estrutura que aqui em Roraima não temos”, enfatizou Silvio Monteiro.

O roraimense ficou fora da seletiva para o Mundial de 2020 e da seletiva olímpica deste ano, porque se recuperava de uma lesão no ombro direito. O técnico de Flávio Monteiro reconhece os apoios que o atleta recebe. No entanto, diz que o esporte de alto rendimento tem um custo ainda maior.

“O melhor apoio que tivemos até hoje foi do projeto Bolsa Atleta da Prefeitura, de R$ 800 por mês, pra você comprar passagem, se o atleta tiver uma lesão, curar a lesão com tratamento, com consulta médica, se ele tiver que comprar algum material, por exemplo. Esse maiô que a Ana Marcela e o Flávio usam custa na faixa de R$ 2 mil. O atleta precisa comprar equipamento, viagem, hospedagem, alimento, suplementação. É uma série de gastos com atleta de alto rendimento que extrapola e muito esse patrocínio que a Prefeitura deu, mas esse projeto ajuda esses atletas que estão iniciando”, avaliou.