PROMESSA DO TÊNIS

Melhor tenista de RR com nome inspirado em Guga tem apoio insuficiente para 2024

Gustavo Albuquerque está entre os 160 melhores tenistas de até 14 anos no Brasil e tem alta despesa para se manter em clube referência no País

O roraimense Gustavo Albuquerque em foto com Guga, melhor tenista da história do Brasil que chegou ao topo do mundo (Foto: Arquivo pessoal)
O roraimense Gustavo Albuquerque em foto com Guga, melhor tenista da história do Brasil que chegou ao topo do mundo (Foto: Arquivo pessoal)

Gustavo Albuquerque tem apenas 14 anos, mas superou os mais experientes para se tornar o número um do tênis de Roraima em 2022, quando venceu a Série A, divisão de elite do Estadual. Há sete meses, o tenista com nome inspirado em Gustavo Kuerten, primeiro brasileiro número um do mundo, decidiu se mudar para Itajaí (SC) com a intenção de aprimorar o talento no clube ADK Tennis, referência no esporte de alto rendimento no Brasil.

Pela equipe, o atleta conheceu o grande ídolo e esbanjou sua força de vontade e raça dentro de quadra para ser campeão da segunda classe das copas Dalla Chopp e Encerramento Classes, da Federação Catarinense de Tênis (FCT). E em seu primeiro torneio Cosat Sul-americano, foi vice-campeão de duplas com o atleta Gabriel Daudt, e chegou às quartas de finais da disputa individual do torneio que reúne competidores de todo o continente.

Gustavo Albuquerque exibe troféu como campeão do torneio Encerramento de Classes, da FCT (Foto: Arquivo pessoal)

O roraimense encerrou 2023 na 24ª colocação do ranking catarinense da segunda classe masculina até 34 anos, na 160ª colocação entre os tenistas juvenis brasileiros até 14 anos e em 425º lugar na lista nacional juvenil até 18 anos. “Foi muito diferente quando eu mudei pra lá. Eu já vi o treinamento, como era diferente. Eu percebi que eu evoluí bem”, avaliou o tenista, que pretende disputar mais competições que valem pontos nos rankings nacionais.

Garoto de poucas palavras, Gustavinho resume seu grande sonho de ser bem-sucedido como Guga: “Quero ser tenista profissional. Quero ser top 10 do mundo”. No entanto, o adolescente chega a 2024 com baixa expectativa de ter patrocínio suficiente para bancar os aproximadamente R$ 10 mil mensais em despesas que incluem treinamento, estadia e competições no litoral catarinense.

“A gente tem patrocínio, mas não é o suficiente. Se ele for, vai sair do meu bolso. Pessoal lá está sabendo das dificuldades. O pessoal quer muito que ele volte”, destacou o pai Kelson Albuquerque, 38, ex-número um de Roraima e que hoje trabalha exclusivamente como professor de tênis na praça da Amoca, no bairro Caçari, zona Leste de Boa Vista, capital do Estado. Ele diz ser grato por quem já apoia o filho e lamenta a falta de incentivo do Poder Público.

Roraimense Gustavo Albuquerque em atuação no tênis (Foto: Divulgação)

Outros tenistas locais já tentaram construir carreira fora de Roraima, mas não conseguiram ficar por muito tempo. Gustavo, que já foi apelidado de Guga, quer romper essa barreira e superar todas as dificuldades. Mas no momento, corre o risco de ser mais um talento perdido, segundo o pai.

“Ele só tem mais dois anos – este e outro. Se ele não evoluir nesses dois anos e sair pra fora, pra treinar e continuar treinando na equipe lá, competindo, será mais um talento em Roraima que vai ser desperdiçado”, avaliou Kelson.

Na quinta-feira (11), Gustavo Albuquerque embarca para Brasília, a convite de um conhecido do pai, com todas as despesas pagas para disputar três etapas do Circuito Centro-Oeste de Tênis. “Se a gente conseguir o patrocínio, ele volta pra Itajaí. Do contrário, ele volta pra Boa Vista”, explicou Kelson. Quem quiser ajudar o atleta pode entrar em contato com o número (95) 99115-7761.

A origem de Gustavinho no tênis

Nascido em Arame (MA), o pai de Gustavinho chegou a Roraima em 1999 após a separação dos pais. Foi no Estado que ele descobriu o tênis, duas décadas atrás, como boleiro, o responsável por pegar as bolas. Kelson viria a conquistar dez títulos roraimenses e chegar ao topo do esporte em Roraima por muitos anos, conseguindo conciliar a carreira de jogador com a de professor da modalidade.

A paixão pelo tênis motivou Kelson Albuquerque a convencer a esposa, a hoje corretora de empréstimo Mayara Torres Pereira, de 36 anos, a batizar o nome do filho com o nome real de Guga. Isso assim que soube que ela esperava por um menino. O pai até comprou uma raquete para o futuro filho, que viria ao mundo em 10 de julho de 2009, em Boa Vista.

“Com cinco, seis anos de idade, foi que eu percebi que ele criou o gosto e que ele tinha jeito pra jogar tênis. E daí começou. E de lá pra cá, não parou mais”, lembra o pai de Gustavo Albuquerque, que hoje tem 1,70m de altura e pretende ganhar o mundo como tenista profissional, orgulhando ainda o esporte de Roraima.