A indústria de apostas é, hoje, também a indústria do futebol. No Brasil, por exemplo, 19 dos 20 times da primeira divisão deste ano são patrocinados por empresas do setor, alguns deles inclusive com patrocínio master, como o virtual campeão, Atlético-MG, por exemplo, que estampa a marca da Betano em sua camiseta.
Na Premier League, a principal competição do mundo, metade dos 20 clubes tem um patrocinador de apostas, e o próprio campeonato tem o financiamento da Sky Bet. Na Inglaterra, aliás, onde estão as gigantes do setor, como a Betway, não são apenas camisas. Os negócios de apostas patrocinam setores ou mesmo estádios inteiros. O Stoke City, por exemplo, é de propriedade da mesma família que administra o Bet365 — e por isso o nome da arena do clube é, justamente, Bet365.
O crescimento gerou até críticas: à medida que partidos políticos e entidades da sociedade civil passaram a dizer que havia muitas propagandas de apostas nos jogos, a indústria propôs interromper a publicidade durante os jogos. No entanto, essa proibição “voluntária” não foi tão respeitada — e as empresas de apostas ainda anunciam pesadamente na televisão antes e depois dos jogos.
Em outro momento crítico recente, a Sky Bet retirou seus anúncios com a presença do ex-jogador do Arsenal e da seleção inglesa, Paul Merson, depois que ele admitiu ser um viciado em jogo.
A espanhola La Liga, da Espanha, tem oito clubes com patrocínios de apostas esportivas. Três delas são da britânica Betway: Alavés, Levante e Leganés. É a única empresa a estampar sua marca em três equipes distintas da competição. Isso faz, segundo especialistas, com que a própria prática de apostar se torne mais segura — veja todos os pontos de confiabilidade da Betway.
Os gigantes locais também aderiram à onda: o Barcelona anunciou recentemente uma parceria global com a 1xBet por cerca de 8 milhões de euros. A empresa já tem contratos com clubes como o Liverpool, por exemplo. Já o Real Madrid mantém um contrato publicitário outro negócio do setor, a Codere. O acordo existe desde 2016 e foi renovado até este ano.
No Brasil, 33 dos 40 clubes que estão nas divisões do campeonato nacional têm entre seus patrocinadores empresas de apostas. O Vasco, por exemplo, acabou de fechar com a PixBet como patrocinadora máster. A empresa já investia na Ponte Preta, América-MG e Goiás, e desembolsará R$ 9 milhões ao time carioca até dezembro de 2022. “O mercado brasileiro, a bem da verdade, já é explorado, de forma ‘cinza’, pela enorme maioria dos operadores. Porém, alguns grandes operadores apenas vão desembarcar com força quando o mercado estiver 100% legalizado, e isso certamente trará um benefício econômico aos clubes pois teremos mais empresas grandes com maior potencial de investimento no futebol brasileiro”, explicou o advogado especializado no setor, Eduardo Carlezzo.