O projeto “Boxe Olímpico”, liderado por Ronaldo Silva, tem sido um exemplo de inclusão e transformação social, oferecendo aulas gratuitas para crianças de 8 a 14 anos no bairro Santa Tereza. E apenas 5 meses, o projeto já atende 70 crianças de diversos bairros da cidade.
Segundo Ronaldo, a ideia é expandir ainda mais: “Hoje nós temos garotos de seis bairros, mas a ideia é atender entre 11 e 12 bairros da capital, com 120 a 150 crianças sendo atendidas pelo projeto”, disse o treinador.
De onde surgiu a ideia?
A ideia nasceu da necessidade de criar atletas de alto rendimento em áreas periféricas na cidade. “Quando eu abri a associação aqui no centro, a ideia era trabalhar parte do meu tempo, voluntariamente, criando atletas. Mas aqui as pessoas se interessavam só por condicionamento físico, não pelo boxe de alto rendimento”, explicou Ronaldo.
Com isso, ele percebeu que o verdadeiro potencial estava na periferia e decidiu abrir em bairros mais afastados. O primeiro foi no Caranã, onde o projeto funcionou por 14 anos e conquistou 90% das medalhas de Ronaldo. Após dois anos fechado pela pandemia, o projeto foi reaberto, desta vez no bairro Santa Tereza.
Preparação de novos talentos
Mesmo com o pouco tempo de retomada, o projeto está formando novos atletas para as competições. “Agora, nesse evento, já vão lutar três garotinhos novos, com apenas cinco meses de treino. Aquelas categorias cadetes que estão começando, até 15, 16 anos, três deles já vão lutar. É daí que vai surgir nossos atletas”, destacou Ronaldo, que encara o trabalho como uma verdadeira “garimpagem” de talentos. “Tem atleta que chega com cinco meses e já sabe que vai ser um campeão”, afirmou.
O projeto inclusive já revelou nomes como Rafaela Marques, atleta e filha de Ronaldo, que foi campeã brasileira de Boxe Elite e conquistou uma vaga na seleção Olímpica de Boxe. Mostrando que o projeto já está dando muitos frutos.
Transformação da vida através do esporte
Com uma vida marcada por dificuldades, Ronaldo se emociona ao falar sobre o impacto que o boxe teve em sua vida. “Eu surgi de um projeto social do meu treinador, Ulisses Pereira, que é treinador do Popó. Eu morava dentro da academia dele por uma década. O boxe transformou a minha vida para melhor, e é com essa paixão que eu resolvi fazer o projeto Atleta Olímpico”, contou.
O impacto do boxe na vida dos jovens é notável, explica Ronaldo. “Nós temos hoje quatro atletas do projeto ganhando uma bolsa de atleta, recebendo R$ 1.025,00 por mês durante 12 meses. Esses atletas trazem um retorno para o esporte e para o estado. Se você colocar na ponta do lápis, dá R$ 136 mil que o boxe trouxe para ser investido em Roraima”
Para ele, é extremamente gratificante ver jovens surgindo e se destacando no boxe. “O boxe está lá na periferia, e é lá que nós vamos encontrar vários campeões. Eu sei o quanto o esporte pode transformar vidas, porque transformou a minha. Hoje, vivo do boxe, criei minha família com o boxe, e é isso que eu quero fazer por esses garotos, dar a eles a oportunidade que eu tive”, concluiu emocionado.
O projeto Boxe Olímpico não é só para formar atletas, mas também uma chance de oferecer uma nova perspectiva de vida para crianças e adolescentes. Mostrando que apesar das dificuldades, vulnerabilidades, com esforços e oportunidades eles podem ir longe.
Por Vitor Miguel