O programa Agenda da Semana apresentado pelo radialista Getúlio Cruz entrevistou o Geólogo Salomão Cruz sobre agricultura no lavrado.
Cruz explicou como está funcionando seu trabalho em uma área onde além de plantar coco, açaí e outras culturas, também cria carneiro e gado.
Ele falou sobre a fertilidade do lavrado e o que precisa ser feito para manter a área produtiva.
“Plantar na mata começa com fertilidade lá em cima e no lavrado com fertilidade lá em baixo. No lavrado você vai aumentando a fertilidade do solo pouco a pouco porque vai adubando e tratando de forma diferente. O custo de tornar lavrado produtivo não é inviável, apesar de ser mais caro que a mata. Como diria meu pai, plantar é fácil, difícil é cuidar. Eu apanhei muito durante 5 anos na busca de um modelo viável de produzir no lavrado”
Salomão Cruz explicou que plantou melancia, macaxeira e milho irrigado quando iniciou o projeto e disse acreditar que o modelo de exploração do lavrado tem que ter “Alternando entre a cultura permanente e a cultura temporária, você consegue viabilizar. Eu tenho propriedade de 188 hectares e exploro 45 hectares irrigado e 25 hectares de pasto, onde crio carneiro e gado branco. Mas não vejo exemplo de área degradada em lavrado por conta de agricultura ou pecuária. Ottomar quando foi eleito governador, trouxe um cidadão do Rio Grande do Norte que plantou caju em Roraima e como não alimentou a planta, hoje esse cajueiro não existe mais pois foi derrubado pra plantar soja. Na minha propriedade tem coco, batata e secundariamente plantei açaí e acerola, além da banana consorciada. Com isso viabilizamos o modelo de produção de área pequena e que serve de modelo para a agricultura familiar”
O agrônomo falou de outras culturas que planta em sua propriedade e falou também do consórcio de ovinocultura e agricultura.
“Nós começamos a plantar o coco e precisa muito de esterco e temos 150 carneiros e produzimos 700 sacos de esterco ano e além do coqueiro temos açaí, banana. Temos 25 hectares de pastos que alternamos com gado e temos 1,5 hectares de capim açu que alimentamos de forma semi-intensiva 150 animais”.
O produtor orientou que o agricultor familiar plante modal tanto permanente quanto complementar.
“Eu acho que você não pode plantar uma cultura somente, nem permanente e nem temporária e acho que tem que diversificar. Uma família de 5 membros tocaria tranquilo a produção que tenho hoje com a estrutura que temos lá. Plantamos coco, precisamos de matéria orgânica e criamos carneiro e precisamos de leite e temos vaca de leite, capim pioneiro e esse modal tem que existir para viabilizar. Se ficar numa cultura só não consegue viabilizar uma plantação de 12 a 13 hectares”
Salomão Cruz explicou que gerencia, tem assistência técnica e operacional e que isso é importante para a produção.
“Um pé de coqueiro consome cerca de 5 a 6 quilos de adubo por ano e adubamos 6 vezes por ano. A resposta é muito grande em termos de produtividade. Tenho 720 pés de coco produzindo e colhemos 120 cocos por pé e quando completarem 4 anos conseguiremos 200 cocos/pé por ano. Teremos uma produção muito grande que sustenta a propriedade. Só de coco recebo R$ 144 e ainda não estou no topo da produção” concluiu.