O aumento do número de idosos que realizam o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma tendência que vem chamando atenção. Neste domingo, quando candidatos em todo o país fizeram provas de Ciências da Natureza e Matemática, dados indicaram que, dos 4,3 milhões de candidatos confirmados, 9.950 têm 60 anos ou mais, representando 0,23% do total. Este é o maior número de idosos inscritos desde o início do acompanhamento dessa faixa etária, em 2020.
Embora ainda constituam uma minoria, a participação crescente dos idosos no Enem reflete mudanças no perfil educacional e nas aspirações dessa população. Entre os candidatos mais velhos, 558 estão cursando o ensino médio por meio da modalidade de Educação para Jovens e Adultos (EJA), o que evidencia o interesse em completar etapas educacionais interrompidas ou nunca alcançadas no passado. Além disso, essa tendência é corroborada pelo Censo da Educação Superior 2023, que revelou um total de 60.735 matrículas em cursos de graduação e formação específica de pessoas com 60 anos ou mais, sendo que 30.692 desses estudantes ingressaram na universidade em 2023.
A busca pela educação superior entre os idosos acompanha um contexto demográfico e social em que a população brasileira está envelhecendo e, ao mesmo tempo, alcançando melhores padrões de saúde e qualidade de vida. Segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de pessoas com 60 anos ou mais no Brasil chegou a 32,1 milhões, um aumento expressivo em comparação aos 20,5 milhões registrados em 2010. Este crescimento populacional aliado ao aumento da expectativa de vida incentiva os idosos a buscar novas realizações pessoais e profissionais, transformando o ensino superior em uma meta possível e desejável.
Além do desenvolvimento pessoal, muitos idosos enxergam a educação formal como uma maneira de se manterem atualizados, socialmente ativos e mentalmente saudáveis. A sociedade, por sua vez, começa a perceber o valor de uma população mais madura e com conhecimentos diversos, enriquecendo o ambiente acadêmico com experiências e perspectivas únicas.
Este movimento de inclusão dos mais velhos no Enem e, subsequentemente, no ensino superior reflete mudanças positivas na maneira como o Brasil encara o envelhecimento e a educação. A tendência sugere um futuro em que o acesso ao aprendizado formal será cada vez mais democrático e acessível a todas as idades, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva e plural.