CORRETIVO
Um vídeo que vem circulando nos celulares de professores e alunos do bairro Asa Branca mostra imagens de um “corretivo” que policiais aplicam em um rapaz, acusado de fazer uma pichação em um muro indagando “onde está o Ronda no Bairro”. O rapaz é obrigado a ler repetidas vezes, em voz alta, a frase. No final, é ordenado a apagar a pichação “de qualquer forma”, inclusive usando uma pedra para raspar a frase do muro.
FACÃO
Quem assiste ao vídeo pode se encher logo de revolta, mas quem mora no Asa Branca e localidades próximas não se indigna nem um pouco com a ação dos policiais, pois aquele rapaz é um elemento que tem aterrorizado moradores, estudantes e professores. Na semana passada, ele puxou um facão para ameaçar uma professora da Escola Jaceguai só porque ela o repreendeu. A mesma professora afirma que aquele elemento não hesita em furar as outras pessoas com faca ou outro tipo de arma branca.
GALERAS
Não é só naquele bairro ou naquela escola que situações como essa vêm ocorrendo. Integrantes de galeras têm agido com frequência na maioria das escolas públicas nos bairros de Boa Vista. Esses elementos não apenas ameaçam a comunidade escolar, como também tomam celular, boné, bicicleta ou qualquer objeto de valor de alunos na hora da chegada ou saída da escola. O caminho da escola tornou-se um tormento para quem mora principalmente nas áreas distantes do Centro de Boa Vista.
INDAGAÇÃO
A pichação feita pelo integrante de galera indagando sobre o Ronda no Bairro foi em tom de desafio e deboche, mas o questionamento está sendo feito por moradores de algumas localidades. No bairro Cidade Satélite, por exemplo, jovens e adolescentes fumam maconha na cara de pau a qualquer hora do dia e da noite na principal praça do bairro, que é movimentada, tem lanchonetes e várias pessoas praticando esporte todos os dias.
DEBOCHE
A cena ocorre quase que diariamente. Enquanto a comunidade está fazendo caminhada ou jogando bola nas quadras da praça, um grupo de desocupados fica fumando droga como se fosse algo natural. E eles ainda debocham de quem olha com cara feia. E não é por falta de viaturas do Ronda no Bairro, porque elas têm passado constantemente na avenida ou mesmo ficam estacionadas na praça com o giroflex ligado. Porém, até hoje os maconheiros não se sentiram incomodados. Daqui a pouco, eles também estarão escrevendo no muro: “Cadê o Ronda?”.
HOLOFOTES
O encerramento da Festa Internacional de Paraty, neste domingo, acabou por fazer as atenções voltarem para Roraima. O líder indígena Davi Kopenawa pediu a palavra no evento para falar das ameaças que os índios Yanomami vêm sofrendo por causa do garimpo. E ele acusou diretamente a família do senador Romero Jucá (PMDB) de ser o responsável pelo que está ocorrendo. A programação principal da Flip contou com 47 autores de 15 nacionalidades.
AMEAÇA
Conforme Kopenawa, ele está sendo ameaçado de morte por fazendeiros e garimpeiros. Antes de embarcar para o festival, registrou denúncia na Polícia Federal e no Ministério Público Federal de que estaria sofrendo ameaça de morte. “Não quero repetir o que aconteceu há 40 anos com o meu amigo Chico Mendes, que defendia as florestas e os garimpeiros o mataram”, disse.
ACUSAÇÕES
As acusações do líder indígena no encerramento da Flip, no início da noite de domingo, foram diretas ao senador Jucá: “O filho dele [Rodrigo Jucá, do PMDB, candidato a vice-governador na chapa governista] mora em Roraima e está mandando os garimpeiros entrarem na terra dos Yanomami. Ele não pode continuar a destruir a natureza. Isso é ilegal, eles não estão respeitando a Constituição Federal”.
DEFESA
Por sua vez, em sua defesa, Jucá disse à imprensa que Davi Kopenawa apoia a candidata de oposição Ângela Portela (PT) e estaria acusando seu filho para tensionar a disputa local. “Como meu filho é candidato na outra chapa, ele quer criar um fato político”, afirmou o senador em resposta ao jornal paulista Estado.
SIMPATIA
Na entrevista que a Rádio Folha vem realizando com os candidatos majoritários aos domingos, o deputado federal Luciano Castro (PR) voltou a reiterar que a sua candidatura tem a maior simpatia do chefão do grupo governista Romero Jucá. Isso significa que o grupo governista ainda se digladia e não consegue resolver suas disputas internas.
MERCADO
No mercado da compra de votos em Roraima, o preço pago pelos candidatos para colocar placas com propagandas em quintais das residências varia de R$300 a R$600,00. Para adesivos o pagamento dos espaços nos carros particulares é feito quase sempre através de cota semanal de gasolina. As filas nos postos de combustíveis são intensas principalmente nos fins de semana.
SILÊNCIO
Inacreditável o silêncio sepulcral feito pelo Ministério Público do Estado e pelo Ministério Público Federal a respeito dos R$30 milhões doados pelo Governo do Estado para a empresa que está construindo o linhão de Tucuruí, entre o Amazonas e Roraima, através de isenções incompreensíveis de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços).
ATITUDES
Ao Ministério Público Federal caberia, talvez, solicitar que a Eletrobrás abatesse da planilha de custo o que a empresa teoricamente deixará de gastar para a realização da referida obra. Ao Ministério Público do Estado caberia investigar as razões que levaram o Governo do Estado a dar esses R$30 milhões de “presente” para a empresa.