No programa Agenda da Semana deste domingo (29), o meteorologista Ramon Alves foi convidado para discutir as previsões climáticas e os cuidados necessários durante a atual estação seca.
Ramon iniciou o diálogo abordando o fenômeno El Niño, responsável por desregular as condições climáticas em diversas partes do globo.
“Roraima já apresenta indicativos preocupantes como baixa precipitação e aumento significativo de focos de fogo. Essa conjuntura é influenciada tanto pelo El Niño – que, vale ressaltar, não é o mais forte já registrado – quanto por fatores associados ao oceano Atlântico. Esta combinação resulta em secas intensas no norte e inundações no sul do país, atribuíveis ao aquecimento do Atlântico Norte que reprime as chuvas locais, desviando-as para o sul.”
O especialista apresentou dados recentes de precipitação para Roraima, observando que os níveis de chuva nos últimos meses estiveram bem abaixo da média histórica.
“Em agosto, tivemos apenas 20mm de precipitação, quando a média para o mês é de 200mm. Setembro também mostrou índices reduzidos, com apenas 9mm, contra uma média histórica de 100mm. Outubro parece seguir mais próximo da média de 70mm, com 60mm registrados até agora.”
Quanto às temperaturas, Ramon elucidou que o atual El Niño não é o mais intenso já experimentado, citando 2015 como um ano de comparação.
“O ápice deste fenômeno El Niño é esperado para dezembro. Ele é reconhecido quando registramos temperaturas meio grau acima da média. Atualmente, estamos com um aumento de 1,5°C. Em comparação, 2015 teve picos de 2,6°C. A boa notícia é que o Atlântico tem mostrado redução em sua temperatura, o que pode favorecer o retorno das chuvas à região.”
Ramon também esclareceu sobre as particularidades das estações em Roraima, que se diferenciam de outros estados brasileiros.
“Aqui, temos períodos bem definidos de seca e chuva. Estamos iniciando o inverno agora, devido à nossa localização no hemisfério norte. Pela proximidade com a linha do equador, a radiação solar nos alcança mais cedo.”
O meteorologista chamou atenção para os crescentes focos de incêndio no estado.
“Já registramos três meses consecutivos com recordes de focos de fogo. Agosto teve índices 380% acima da média, setembro 300% e outubro, até o momento, já mostra um aumento de 200%. A situação requer vigilância contínua.”