NACIONAL

Entenda por que as chuvas no RS são tão fortes

Cerca de 350 mil pessoas pessoas foram afetadas pelas tempestades na região.

Para Getúlio Cruz, o desafio econômico vai além das necessárias obras de infraestrutura. (Foto: Diego Vara/REUTERS)
Para Getúlio Cruz, o desafio econômico vai além das necessárias obras de infraestrutura. (Foto: Diego Vara/REUTERS)

O Rio Grande do Sul está enfrentando fortes temporais e chuvas intensas. De acordo com meteorologistas, o estado está sendo afetado por frentes frias que vêm do sul do continente, mas que encontram obstáculos para avançar devido a uma zona de alta pressão localizada no centro do Brasil, atuando como uma barreira.

Essa zona de alta pressão desvia a umidade do Oceano Atlântico em direção ao Rio Grande do Sul pelo leste e também recebe umidade da Amazônia pelo oeste, resultando em uma convergência de massas de ar úmido sobre o estado. Enquanto isso, a região central do país permanece praticamente sem chuvas ao longo da semana, com temperaturas elevadas acima de 30 °C no Centro-Oeste, devido a uma massa de ar quente e seco que deve persistir pelo menos até meados de maio.

Previsões

As simulações realizadas por especialistas com base no modelo europeu de previsão do tempo mostram um acumulado significativo de chuvas previstas para o Rio Grande do Sul desde a véspera até a próxima sexta-feira (12). As imagens indicam volumes expressivos concentrados na região, com áreas de intensidade de precipitação destacadas em tons de vermelho e roxo.

Gráfico: Reprodução/CNN

No entanto, as chuvas intensas têm causado sérios impactos no estado. O governo do Rio Grande do Sul divulgou um balanço mostrando que o número de mortos em decorrência das fortes chuvas chegou a 39, com 265 municípios afetados, o que representa mais da metade do território gaúcho. Além disso, há 74 feridos e 68 pessoas desaparecidas. Um total de 351.639 pessoas foram afetadas pelas tempestades, das quais 24.080 estão desalojadas e 8.168 estão em abrigos.

As equipes de resgate enfrentam dificuldades para alcançar as áreas mais atingidas devido aos mais de 100 trechos de rodovias estaduais e federais bloqueados, o que tem dificultado o acesso terrestre. Os resgates estão sendo realizados por meio de embarcações e, quando possível, por via aérea. As autoridades têm trabalhado para orientar a população a buscar refúgio em locais elevados ou com familiares e amigos, visto que a previsão indica que os níveis das águas continuarão subindo nas próximas horas, agravando ainda mais a situação.

Por medida de segurança, o governo federal interditou as pontes sobre o Rio Guaíba, em Porto Alegre, devido ao aumento do volume de água, que já ultrapassou 4,6 metros acima do nível normal. O trânsito no local está permitido apenas para ambulâncias e veículos envolvidos nas operações de resgate.

A situação das barragens também é preocupante, com o risco iminente de ruptura em algumas delas. A barragem de Bugres, em Canela, na Serra Gaúcha, demanda providências urgentes para preservar vidas. A barragem 14 de julho, em Cotiporã e Bento Gonçalves, está em nível de Emergência, com risco iminente de ruptura. Outras duas barragens monitoradas pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) também apresentam risco de ruptura iminente, exigindo a evacuação da população potencialmente afetada.