O fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil há quase um mês não impediu que venezuelanos continuassem atravessando para o território brasileiro. A quantidade de pessoas, entretanto, diminuiu. De acordo com a equipe da Força-Tarefa Logística Humanística, de 600 entradas diárias, o número caiu para, em média, 240.
A queda de 60% é explicada pela atuação da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) que mantém um cordão humano para impedir a passagem de qualquer pessoa desde o anúncio feito pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro. Com o fechamento, imigrantes fazem a travessia de forma arriscada por caminhos clandestinos entre as serras.
Mesmo sem previsão para abertura da fronteira, o Exército Brasileiro tem se preparado para a possibilidade de uma entrada massiva de refugiados, caso haja revogação da decisão do fechamento. Entre as medidas estudadas, está a de ampliar o número de vagas nos abrigos em Roraima, que atualmente acomodam 5.550 pessoas em 13 localidades.
O programa de interiorização, que consiste em reduzir o impacto da chegada de refugiados e imigrantes venezuelanos a Roraima, já teve 5.250 pessoas distribuídas em 50 cidades e 17 Estados até esta semana. O Rio Grande do Sul recebeu a maior parte deles, com 918, seguido de São Paulo e Paraná, com 877 e 545, respectivamente.
Por se tratar de um trabalho de interagências, a modalidade ainda depende de muitas variantes e, dessa forma, não há como estimar um aumento no número de voos que podem ser feitos para ampliar a quantidade de refugiados interiorizados.
MUDANÇAS – Em 22 de fevereiro, primeiro dia do fechamento da fronteira, um conflito entre militares venezuelanos e indígenas da Comunidade San Francisco Yuruaní marcou uma mudança no cenário entre os dois países. Sem qualquer possibilidade de entrada, caminhões com alimentos e insumos básicos de saúde destinados à ajuda humanitária feita pelo Brasil e os Estados Unidos nunca ultrapassaram o território de Maduro.
Em solo brasileiro, o comércio de Pacaraima tem sentido com a falta de clientes e também com a dificuldade para abastecimento de gasolina, já que o combustível era comprado em Santa Elena. Atualmente, aguarda-se a instalação de um posto de urgência dentro do município para que possa atender a demanda.
Guarda Nacional cobra‘taxa’ para permitir
passagem na fronteira, denunciam moradores
A FolhaWeb relatou a denúncia de moradores do município de Pacaraima, fronteiriço com Santa Elena de Uairén, sobre uma espécie de cobrança feita por parte da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) para realizar a travessia entre os dois países em função do fechamento da passagem terrestre entre o Brasil e a Venezuela.
De acordo com a denúncia, alguns venezuelanos e brasileiros moradores de Santa Elena conseguem passar pela barreira da GNB mediante o pagamento de R$ 70 para carros e R$ 30 para motos. A prática foi questionada pela Folha, que entrou em contato com o Consulado Venezuelano, porém não obteve resposta até a conclusão da matéria. (A.P.L)