EM FRENTE AO IBAMA

Familiares fazem manifestação após morte de garimpeiros no Uraricoera

Por meio de nota enviada à FolhaBV, o Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte informou que não houve confronto entre militares e garimpeiros com vítimas fatais na data e região mencionadas.

Manifestantes se reuniram em frente ao Ibama (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)
Manifestantes se reuniram em frente ao Ibama (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Na manhã de hoje, 25, um grupo de manifestantes se reuniu em frente à sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Boa Vista. Eles são familiares de Flávio Luiz, 34 anos, e do adolescente identificado como David Lucas, 15 anos, mortos no rio Uraricoera, na região do Palimiú, em Alto Alegre.

A família acusa militares do Exército de terem cometido o crime. O protesto foi organizado em conjunto com o Movimento Garimpo é Legal. De acordo com Jailson Mesquita, coordenador político do Movimento, o Ibama disse que não tem responsabilidade sobre a ação. “Vamos procurar o Exército e a Polícia Federal em busca de respostas”.

Cintia Reis, esposa de Flávio, segurando sua filha autista no colo e visivelmente abalada, estava entre os manifestantes. Para ela, o que aconteceu não foi uma fatalidade, mas um crime. “Eles não usaram a lei para o meu marido, ao invés de prendê-lo, eles mataram covardemente e ainda ocultaram o cadáver”, disse.

Segundo relatos, quatro canoas estavam a caminho de um garimpo quando avistaram o Exército. Três canoas conseguiram retornar, mas a embarcação em que Flávio e Lucas estavam não teve a mesma sorte e foi abordada pelos militares.

A esposa de Flávio estava abalada durante a manifestação (Foto: Wenderson Cabral)

Após a execução, os militares teriam amarrado os corpos no motor do barco e jogado no fundo do rio. A canoa foi alvejada até afundar. Uma testemunha do crime, que agora está escondida, alega estar sendo ameaçada por militares.

No domingo, dia 24, os corpos emergiram e foram resgatados por outros garimpeiros. Imagens enviadas à nossa reportagem mostram os corpos de dois homens amarrados e com marcas de tiros.

Devido ao difícil acesso à área, os corpos foram removidos até a região do Paredão, em Alto Alegre, por garimpeiros. A reportagem procurou o Exército, no âmbito da Operação Ágata Fronteira Norte,

Por meio de nota enviada à FolhaBV, o Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte informou que não houve confronto entre militares e garimpeiros com vítimas fatais na data e região mencionadas. “A atuação das Forças Armadas são pautadas pelos princípios de legalidade e legitimidade”, acrescentou a nota.