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Governador busca apoio contra restrição a cargas brasileiras na Venezuela

Empresários relatam dificuldades para comercializar produtos para o País vizinho, situação que já se estende desde janeiro deste ano

Aduana na cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, na fronteira com o Brasil
Aduana na cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, na fronteira com o Brasil (Foto: Nilzete Franco/Arquivo FolhaBV)

O governo venezuelano restringiu a entrada de alimentos brasileiros como carne, frango e linguiças e passou a permitir apenas a passagem do trigo. A determinação não teve nenhuma tratativa anterior e pegou de surpresa os empresários e tem prejudicado a classe.

O empresário Alan Oliveira informou que a categoria em Roraima enfrenta dificuldades para comercializar produtos para a Venezuela, situação que já se estende desde janeiro deste ano.

Ele ressalta que existe mais de seis mil toneladas de produtos armazenados e que as cargas que estão na fronteira correm o risco de serem perdidas. Em Boa Vista, a perda pode afetar 200 carretas, o que representa um prejuízo inestimável aos empresários e a economia roraimense. E, por isso, na quarta-feira (14), será realizado um manifesto em Pacaraima.

“É importante destacar que todas as empresas brasileiras estão legais em relação a exportação de produtos, tendo selos de inspeção federal e que por isso não entendem a postura da Venezuela.”, disse Oliveira, ao declarar que o manifesto é para que as autoridades dos dois países possam olhar esse problema e prestar apoio ao comércio bilateral.

A Venezuela é o principal parceiro comercial de Roraima. Segundo levantamento da Fier (Federação das Indústrias do Estado de Roraima), o país vizinho representou 64,6% de participação da exportação roraimense, com mais de 274,9 milhões de dólares investidos.

O governador Antonio Denarium (Progressistas), durante toda segunda-feira (12), manteve contato com os senadores Chico Rodrigues (PSB), Dr. Hiran (Progressistas) e Mecias de Jesus (Republicanos) e com os demais membros da bancada federal e da Comissão de Comércio e Indústria da ALE-RR para buscar uma saída para o impasse vivido pelos empresários, que têm produtos proibidos de entrar no País vizinho, o que gera a possibilidade de perda de cargas.

Para o governador, é necessário a ação imediata do governo federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores, já que considera um ato hostil do País vizinho, haja vista que o Brasil mantém desde 2016 um aparato receptivo para os refugiados que fogem da crise humanitária na Venezuela e representam quase 20% da população roraimense.

“Esses produtos que são exportados representam uma contribuição significativa na balança comercial de Roraima, mas, mais do que isso, significa a possibilidade de alimentar milhares de venezuelanos que ainda padecem com a crise que se instalou na Venezuela”, reforçou Denarium, que não descartou nova ida a Brasília para intensificar junto ao governo federal e a bancada o pedido de medidas que auxiliem Roraima na administração dessa crise.

Críticas

Dr. Hiran reclamou que a atenção dada pelo Governo Lula ao povo daquele País não pode ser dada com gestos mesquinhos e que teoricamente busquem proteger a indústria de um País que não produz nada e tem que exportar tudo.

“Nesse momento acredito que a Venezuela não deveria ter esse tipo de atitude que põe em risco a boa relação comercial entre os países e ao mesmo tempo a segurança alimentar dos que ainda estão na Venezuela. Foram mais de sete milhões de venezuelanos fugindo de um regime perverso e que deve ser revisto e o Brasil não pode ser penalizado por visões equivocadas”, destacou.

Mecias considerou um absurdo a atitude dos órgãos fiscalizadores e afirmou que o Brasil não pode dar guarida a regimes ditatoriais como o promovido por Nicolás Maduro, que foi recebido como um grande estadista pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início do mês.

“O que estamos vivendo é uma vergonha e uma falta de postura firme do governo brasileiro. Ajudamos a Venezuela em mais do que podemos, tirando recursos que poderiam ser aplicados em políticas públicas para a nossa população, mas sabemos e temos sensibilidade em relação aos imigrantes que não tem culpa do regime perversos daquele país. O Brasil precisa exigir respeito e tratamento igualitário. Se nós ajudamos, eles podem nos ajudar”, criticou.