NACIONAL

Governo anula leilão e cancela compra de arroz importado

Governo afirma que empresas apresentavam fragilidades financeiras para o alto volume financeiro.

 Um novo edital será publicado, com mudanças nos mecanismos de transparência e segurança jurídica (Foto: Pexels)
Um novo edital será publicado, com mudanças nos mecanismos de transparência e segurança jurídica (Foto: Pexels)

O governo federal decidiu anular o leilão realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 6 de maio e cancelou a compra das 263,3 mil toneladas de arroz que seriam importadas para o país. A informação foi divulgada pelo presidente da Conab, Edegar Pretto, e pelos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (11), no Palácio do Planalto.

Segundo Fávaro, a avaliação do governo revelou que a maioria das empresas vencedoras do leilão apresentava fragilidades financeiras, não possuindo a capacidade para operar um volume financeiro tão grande. As 263,3 mil toneladas de arroz arrematadas correspondiam a 87% das 300 mil toneladas autorizadas pelo governo na primeira operação, envolvendo mais de R$ 7 bilhões para a compra de até 1 milhão de toneladas. Fávaro explicou que nenhum recurso foi transferido na operação, reforçando a necessidade de responsabilidade no uso de dinheiro público.

Os Ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e o Presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto (Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

As empresas participantes do leilão são representadas por corretoras em Bolsas de Mercadorias e Cereais e só são conhecidas após o certame. Um novo edital será publicado, com mudanças nos mecanismos de transparência e segurança jurídica, mas ainda não há data para o novo leilão. A Conab convocou as Bolsas de Cereais e Mercadorias de Londrina e do Mato Grosso para apresentarem comprovações das empresas, incluindo capacidade técnica e financeira, regularidade legal e participação societária.

Além disso, o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, pediu demissão após suspeitas de conflito de interesse. Segundo matéria do site Estadão, o diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, indicado por Geller, e a FOCO Corretora de Grãos, principal corretora do leilão, têm ligações pessoais com Geller. O ministro Fávaro aceitou a demissão, afirmando que, apesar de não haver fatos que desabonem Geller, a situação gerou transtorno, levando-o a colocar o cargo à disposição.

A importação do arroz visa garantir o abastecimento e estabilizar os preços no mercado interno, que subiram em média 14% após inundações no Rio Grande do Sul, principal produtor do país. O governo planeja um novo leilão com a participação da Controladoria-Geral da União (CGU), Advocacia-Geral da União (AGU) e Receita Federal para garantir a capacidade das empresas participantes.