AGENDA

Pecuarista discute impactos da praga de lagarta e práticas sustentáveis na pecuária de Roraima

Ermilo Paludo foi um dos convidados do Agenda da Semana deste domingo (30)

Reprodução: Youtube/Rádio Folha 100.3
Reprodução: Youtube/Rádio Folha 100.3

No programa “Agenda da Semana” deste domingo (30), Ermilo Paludo, pecuarista, trouxe à tona a gravidade da situação enfrentada pelos pecuaristas locais devido à praga de lagarta e falou sobre possíveis soluções, prevenção e práticas que os produtores podem adotar para atenuar o problema nos próximos anos.

“Eu acho que a área é muito maior do que se está publicando. Eu andei muito nesses últimos meses pela região do Apiaú, Samaúma, Campos Novos, Iracema e o negócio é devastador. Acho que atingiu mais de 95% das propriedades nessas regiões. Muitas tiveram que retirar a totalidade do seu gado e muitos já perderam entre 20 e 30% do seu rebanho (…) E ela não atingiu só as pequenas e médias propriedades, atingiu as grandes fazendas da região”.

SAIBA MAIS: Gado morre após pasto ser atingido por pragas em Roraima

Paludo destacou que, além da praga, outras práticas inadequadas estão exacerbando os problemas na região, como o uso indiscriminado do fogo.

“Houve uma seca severa, mas o que desencadeou nessa calamidade foi o uso indevido do fogo. Nós temos que aprender que queimar é muito ruim para as fazendas. Quando se queima, falando em valores, muito mais de dois mil reais por hectare que se joga no espaço (…) Não tem esse negócio de cultura do fogo. Temos que aprender com as práticas. O fogo limpa todos os nutrientes que tem no solo e esse é só o primeiro impacto. O outro é o excesso de animais por hectare e a falta de um sistema rotacionado de pastos. Nós temos que manejar melhor. Talvez o manejo tenha tido mais impacto que a falta de fertilidade”.

Para Paludo, a questão fundamental é a adoção de práticas sustentáveis na pecuária, comparáveis à agricultura.

“Não existe a gente extrair [do solo] sem devolver. Na cultura da soja, do milho, da soja, todo ano tenho que aplicar tantos pontos de fósforo, de enxofre. Eu tenho que repor todos os nutrientes. E por que motivo não fazemos isso com a pecuária? Por qual motivo? As coisas vão se agravando. Essa seca severa acabou com a palhada, o sol bate na terra, choveu e você não viu uma poça d’água (…) Tem maneiras de evitar isso. Tem diversas fazendas que não foram afetadas por haver o emprego tecnologia, não haver o uso do fogo. A gente precisa mudar. Estamos muito aquém do que é necessário”.

Ele enfatizou a importância do manejo adequado dos pastos como medida preventiva.

“A primeira coisa que nós temos que aprender é a colher o capim. Colher capim é que o animal não pode permanecer no mesmo lugar por mais de 3 dias. Se for um dia é ótimo, se for dois, é bom, três é o máximo (…)”.

Paludo ressaltou a importância das boas práticas e a necessidade de cooperação entre produtores. Confira a entrevista completa.