Oito policiais penais foram afastados preventivamente da função, durante o andamento do Procedimento Administrativo Disciplinar instaurado para apurar casos de negligência a detentos da Penitenciária Agrícola de Roraima (Pamc).
A informação foi repassada pela Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc) à FolhaBV, após o vazamento de vídeos que mostram policiais penais dentro de uma das alas da Pamc. Um dos vídeos mostra um detento sendo carregado por outros dois internos. O preso está aparentemente desacordado, e é colocado dentro de uma cela com outros presos.
Outro vídeo mostra o momento em que policiais atiram um gás dentro da ala prisional, aparentando ser gás lacrimogênio, usado por policiais em casos de tumulto, o que não é o caso no vídeo, tendo em vista quem os presos aparecem sentados e sem qualquer reação. (Veja vídeo)
Segundo a Sejuc, o caso foi encaminhado ao Ministério Público, Defensoria Pública e Vara de Execução Penal por envolver a integridade física de internos custodiados na maior unidade prisional do Estado.
Um policial penal ouvido pela reportagem disse que as cenas se tratam de procedimento normal dentro da unidade prisional e que o preso teria sido colocado em uma cela de contenção, onde aguardaria pelo atendimento médico.
Filha diz que o pai morreu após policiais penais negarem socorro
Outro caso relatado à Folha, é o do detento George Harisson Ferreira, que morreu no dia 22 de janeiro após passar mal dentro da Ala 04 da Pamc. Segundo a filha de Harisson, os policiais penais que estavam de plantão aquele dia, teriam negado atendimento ao pai, e ainda teriam lhe agredido, o que teria agravado ainda mais o quadro de saúde.
Segundo ela, detentos que estavam na prisão naquele dia, relataram que acionaram os policiais penais para socorrê-lo, no entanto, os policiais teriam negado atendimento. “Ficamos sabendo que um policial teria mandado retirar ele da cela, mas um policial mais antigo, disse que não era nada e que ele estaria apenas encenando”, disse a jovem em entrevista á FolhaBV.
Em um relatório do plantão ao qual a reportagem teve acesso, os policiais penais relataram que o detento passou mal, mas que não havia médico na unidade no momento, e que no primeiro momento o preso estaria consciente e inclusive teria pedido para que outros detentos cortassem o seu cabelo.
Em outro trecho do relatório, os policias dizem que o médico chegou meia-hora depois, e foi avaliar o interno, momento em que George teria desfalecido, quando então foi solicitada uma equipe do Samu que fez os processos de reanimação e levaram o detento para o Hospital Geral de Roraima (HGR).
De acordo com a filha de George, o pai saiu da Pamc entubado e teve duas paradas cardíacas no HGR. “Meu pai já saiu entubado de lá, e ele dizem que não. No velório meu pai tinha marcas de agressão pelo corpo”, diz a jovem.
Segundo a Sejuc, conforme o atestado de óbito, a causa da morte de George Harisson, foi constatada como morte natural indeterminada.
Sobre a denúncia da filha de Harisson, a Sejuc informou que não houve formalização de nenhuma denúncia por parte de familiares ou de órgãos de controle.
As ocorrências que envolvem a integridade física ou óbitos são encaminhadas para a apuração da corregedoria da Sejuc, além do Ministério Público Estadual. Ressalta que todas as unidades prisionais têm a presença constante dos órgãos de controle da atividade policial, além da Defensoria Pública do Estado de Roraima. A Sejuc se coloca à disposição dos familiares para os esclarecimentos necessários.
Acrescentou a nota da Sejuc.