Roraima possui potencial para exportar a países do Caribe, além de atender a população do estado. O comentário é do presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), Marcelo Parisi, durante o programa Agenda da Semana, deste domingo (22).
Atualmente, o rebanho do estado conta com cerca de 1 milhão e 151 mil animais. Segundo Parisi, o aumento da cabeça de gado foi de 47% desde 2018, quando havia 780 mil. O estado também está há 22 anos sem casos da febre aftosa e conta com um frigorífico com Selo de Inspeção Federal (SIF), que habilita para a exportação.
“A gente percebe que esse trânsito de sair de Boa Vista, ir pra Manaus, pegar um navio e dar a volta para chegar no caribe é um pouco caro. É essencial a construção da estrada que liga Boa Vista até Georgetown, e de lá a distribuição para o Caribe seria muito mais fácil. Isso eu estou falando além do meu conhecimento de logística. Mas, hoje, a gente já tem volume para atender [o Caribe]. São países pequenos, a maior população é flutuante, de turistas e eles consomem produtos de alto valor agregado. Então, são cortes específicos. [O rebanho] tem evoluído principalmente na qualidade e precocidade dos animais. E o volume já é suficiente para atender a nossa população e também para exportar”, comentou.
Conforme Parisi, o aumento no rebanho se deve a importação de animais, mas principalmente retenção de matrizes. No total, em quatro anos, foram importados cerca de 35 mil animais destinados à reprodução.
“Ele [rebanho] vem evoluindo. A cada semestre, quando há vacinação e declaração, esse número vem crescendo. Quando nós assumimos no final de 2018, entramos com 780 mil cabeças e hoje já chegamos a 1 milhão e 151 mil animais. Temos praticamente 47% de crescimento no rebanho. Teve importação, mas principalmente retenção de matrizes. Como o preço subiu, no primeiro momento foram abatidas muitas matrizes lá em 2018 e 2019. Mas, sobe o preço do bezerro e o produtor retém as matrizes. Como ele [bezerro] continua com um preço vantajoso até o momento, esse produtor está retendo as matrizes. Segura o investimento e aumenta o investimento na propriedade”, detalhou.
Mosca da Carambola
Boa Vista ainda possui a presença da Mosca da Carambola, chamada também de mosca-da-fruta, praga que mais causa danos à fruticultura. Parisi explica que pretende propor ao Ministério da Agricultura a avaliação propriedade por propriedade. Sobre as barreiras de fiscalização da Aderr, ele explica que “incomoda um pouquinho, mas são essenciais”.
Oficialmente, a Mosca da Carambola possui 36 hospedeiros como o tomate, goiaba, caju e laranja. Parisi explica que nas barreiras são retidos somente os hospedeiros da lista.
“O nosso fiscal não aborda 100%, pois é humanamente impossível. Mas, o máximo possível é abordado para evitar esse transporte [de produtos com a praga]. Quem está passando por lá tem que ter ciência que tem gente que sobrevive desses frutos e precisa de uma área livre para comercializar e manter a sua família. Hoje, o principal produto que nós produzimos e é afetado pela Mosca da Carambola, é a laranja. Em torno de 3 mil toneladas a gente produz em Roraima. Cerca de mil toneladas são exportadas para o Amazonas. O restante, que é uma boa e grata surpresa, é a procura da Guiana desse produto. Então, uma boa parte está indo para a Guiana, que não tem essa restrição. Para o Amazonas vai o que é produzido principalmente em Rorainópolis, o maior município produtor e também livre da Mosca da Carambola”, explicou.