O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings, no original) é uma obra de fantasia produzida entre 1937 e 1949 pelo professor, filólogo e escritor britânico John Ronald Reuel Tolkien. A saga é uma continuação de O Hobbit (1937). Em que pese a intenção do autor em realizá-la em volume único, o livro foi originalmente publicado em três volumes (1-A Sociedade do Anel -julho de 1954, 2-As Duas Torres -novembro de 1954 e 3-O Retorno do Rei – outubro de 1955). A partir daí, tornou-se imensamente popular enquanto trabalho literário do século XX, granjeando mais de 160 milhões de cópias, inúmeras reimpressões e a tradução para mais de 40 idiomas.
Superado o singelo epítome (resumo) que permite vislumbrar o personagem Sméagol na condição de caudilho da ambição e, mais ainda, parafraseá-lo com a atualíssima sede de poder dos governantes de plantão, atenhamo-nos tão somente ao paralelo ora proposto.
A saga expõe a forjadura de vinte Anéis de Poder, distribuídos da seguinte maneira: três Anéis Élficos (Vilya, Nenya e Narya); sete Anéis, dados aos senhores anões; nove Anéis dos Homens e o Anel forjado em segredo pelo Senhor do Escuro, Sauron sob o disfarce de Annatar, uma entidade benevolente que instruiu os elfos-ferreiros de Eregion ,liderados por Celebrimbor, na criação dos anéis, intitulando-o de “Um Anel”, tendo como propósito controlar os demais anéis e seduzir os governantes da Terra-média ao caminho do mal.
A singularidade desse último avulta (se destaca) para justificar nossa discussão, pois o malfadado ‘Um Anel’ trazia em sua inscrição uma passagem que reflete o sentimento inato do poder, ou seja, impor a submissão, ampliar vulnerabilidades, fazer-nos sucumbir às vontades do governante e, mormente, ao processo de escravização instituído por este. A epígrafe (inscrição) anunciava: “Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los, Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.”
É forçoso reconhecer o vespeiro chamado poder, sobretudo, ao reconhecer a atmosfera que se instaura em seu entorno, pois se de um lado regozija prazeres do outro expõe as fragilidades do caráter humano. Assim foi Sméagol: desfrutou de vida longa (589 anos), manteve-se invisível quando lhe era conveniente, usufruiu de benesses e escoimou (livrou) de culpa suas próprias ações, da mesma forma, vide o que ocorre no cenário atual, onde calha com perfeição o célebre apotegma varguista: “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei”.
Embora refestelados pelo mar de privilégios, aqui poderá residir o embuste de tal escolha, pois as raízes de um caráter estarão degeneradas, e a presença maligna inerente ao Anel de Sauron (o poder atual) haverá de consolidar práticas profundamente desumanas. Haja vista o ocorrido com Sméagol, que assassinou o amigo Déagol, motivado pela disputa do Anel, e transfigurou-se em Gollum, esquecendo o acervo personalístico do hobbit de outrora — uma figura hospitaleira, apreciador da comida e da bebida, resistente a aventuras e conectado ao ambiente — tornando-se, assim, uma criatura trágica e obcecada por ele.
Ele quem? O ‘precioso’.
Assim são os corrompidos do período hodierno: assassinam reputações, perseguem opositores, confrangem a razoabilidade e, por fim, manobram as massas, impedindo sobremaneira que o tão decantado progresso atinja as regiões mais pobres do país.
Prof. Weslley Danny – Doutor e Mestre, graduado em Filosofia, História, Letras, Biologia e Enfermagem. No que tange o segmento humanístico compila pós-graduações nas seguintes áreas: (ciência política), (filosofia, sociologia e ciências sociais), (ética e filosofia política) e (história e antropologia).