AGENDA DA SEMANA | GREVE NA UFRR

"Universidades podem fechar em setembro", diz professor sobre falta de orçamento

Representante da greve na UFRR, professor Jaci Guilherme Vieira fala sobre reivindicações e falta de recursos para despesas básicas.

O professor Jaci Guilherme Vieira foi o primeiro entrevistado de domingo, 2 (Foto: Redação/FolhaBV)
O professor Jaci Guilherme Vieira foi o primeiro entrevistado de domingo, 2 (Foto: Redação/FolhaBV)

A greve na Universidade Federal de Roraima foi tema do programa Agenda da Semana deste domingo (2), que recebeu o professor Jaci Guilherme Vieira, que está a frente do movimento.

O professor dá início à entrevista falando sobre a principal reivindicação dos grevistas, que é relacionado ao orçamentos das instituições de ensino superior em todo o Brasil. De acordo com ele, a falta de verba faz com que o funcionamento das universidades seja viável apenas até o mês de setembro, uma vez que não há recursos para despesas básicas.

“Nossas principais reivindicações são de orçamento. O orçamento das universidades federais estão congelados desde 2016, no governo Temer, quando ele aprovou aquela PEC do teto dos gastos, onde você tem limite de gastos para saúde e educação mas não tem teto para banqueiros, dívida púlica e dívida externa. O novo governo inovou a PEC e agora chama de ‘gastos de orçamento’ e diz que não pode se gastar mais que o teto e o Haddad [ministro da fazenda] está intransigente em relação a isso (…) Em setembro as universidades vão fechar. E elas fecham por falta de orçamento. Estamos reivindicando R$ 2,5 bi para as universidades brasileiras, o que é uma ninharia frente ao que o Congresso Nacional tem para emendas, que é R$ 52 bi (…) Não tem dinheiro para pagar segurança, energia, água, coisas básicas que tem em uma universidade”

Além do orçamento, o professor aponta a manutenção do novo ensino médio e a reposição salarial dos professores como demandas do movimento. De acordo com ele, os professores que entram na academia com pós-doutorado recebem salários equiparados que profissionais que não possuem qualquer tipo de graduação.

“Nossa segunda reivindicação é o tal do revogaço. A gente precisa revogar medidas autoritárias do governo anterior, como esse novo ensino médio, que ninguém sabe de onde vem e pra onde vai, que as escolas particulares estão atendendo mas que as públicas estão tendo dificuldade (…) Também reivindicamos a nossa reposição salarial. Estamos com uma defasagem de 40% em nosso salário. Os pofessores que entram na Universidade Federal já não são mais doutores, eles possuem dois pós-doutorado e entram com um salário muito rebaixado. No final, eles vão ter líquido R$7,5 mil, que é o salário de qualquer pessoa que não tem nem graduação”

Vieira apontou que as propóstas de diálogo do governo federal não contemplam as necessidades das instituições e professores. Ele aponta que, em relação a reposição salarial existe inclusive perda pelos professores que são promovidos.

“Eles sinalizaram um diálogo em relação a reposição, que é muito rebaixada nas categorias que estão iniciando a sua carreira. Essa proposta é tão rebaixada que quando você passa de professor adjunto para professor associado 1, você perde 1,5% (…) Ele tira de um e coloca pra outro (…) O STF acha que isso não gera um dolo ao empregado.

Ele acrescenta que em relação às reivindicações de orçamento e revogaço, o governo tem se mostrado intransigente. De acordo com ele, enquanto os recursos para a educação são limitados, o goveno tem liberado verbas para a apovação de projetos por meio de emendas parlamentares.

“Sobre o orçamento o governo está irredutível. Ele está jogando pro mercado que não estão mais gastando com funcionarismo público pra que não haja sobrecarga pra união. Por outro lado está pagando emendas parlamentares toda vez que quer aprovar algo”

Confira a entrevista completa