O astrônomo chileno José María Maza acabou de lançar seu livro sobre Marte, em que estipula os próximos passos para a chegada do homem ao planeta vermelho e critica terraplanistas.
As perspectivas sobre a vida em outros planetas aumentaram em 2013, quando pesquisadores descobriram cloreto de magnésio em uma das 66 luas de Júpiter, o maior planeta do sistema solar. O componente foi encontrado no satélite batizado de “Europa” pelo físico Galileu Galilei, em 1610. Recentemente, a Nasa, agência aeroespacial dos Estados Unidos, enviou para o planeta a expedição Mars InSight, um robô com um sismógrafo e um detector de temperatura para estudar o clima marciano.
Professor de Astronomia da Universidad de Chile desde 1987, Maza é um dos astrônomos mais famosos do mundo. Premiado em seu país, ele ficou conhecido no exterior por participar das pesquisas astronômicas que resultaram no Prêmio Nobel de Física ao australiano Brian Schmidt, ao alemão Adam Riess e ao estadunidense Saul Perlmutter, em 2011.
Na obra, Maza defende principalmente que, depois de ter ido à Lua, o homem tem condições de desembarcar em Marte. “A Lua é um lugar fantástico para se colocar um telescópio para ver a Terra”, diz em um dos capítulos. “Vivemos na Terra como se estivéssemos debaixo de uma piscina, olhando para o céu através da água da piscina. Se nos colocamos a quatro metros de profundidade em uma piscina e ficamos de costas para o fundo dela, olhando para cima, tudo estará distorcido pela água”, continua, fazendo uma analogia para favorecer seu argumento.
Outro motivo para instalar um telescópio na Lua, para Maza, é que, como a duração de um dia na Lua é de quase um mês, as missões poderiam estudar o planeta Terra durante 14 ou 15 dias de forma ininterrupta, quase se fosse noite no satélite.
O livro, porém, traz novas conclusões sobre o funcionamento físico da Terra ー como a de que os dias estão ficando mais longos. Segundo ele, o fato da Lua estar se distanciando dois centímetros por ano do planeta faz com que os dias ganhem alguns segundos a cada século. Eles não são notados em termos práticos, mas em termos de milhões de anos vão fazer com que os dias tenham alguns minutos significativos a mais do que as atuais 24 horas.
“Quando chegar essa época, a vida vai ser rara na Terra, mas ainda demorará pelo menos alguns milhões de anos”, disse ao jornal chileno La Segunda.
O grande objetivo do livro de Maza, no entanto, é incentivar pesquisas e missões a Marte ー e usa vários argumentos para isso: o clima no planeta, por exemplo, se assemelha ao que os habitantes do deserto do Atacama, no Chile, costumam viver. “Marte é um lugar difícil, mas interessante como desafio de como vamos fazer para poder sobreviver na Terra”, defendeu ele.
Outro ponto debatido por ele é a possível socialização dos missionários em uma hipotética missão a Marte, tendo em conta o tempo da viagem (de oito a nove meses). Para ele, os experimentos que estão sendo feitos para as missões futuras, especialmente no Havaí, estão provando que é preciso uma resistência psicológica significativa e uma grande tolerância a frustrações. “Precisamos de um grupo que tenha um caráter bastante moderado”, agregou.
No livro, o astrônomo chileno dedica alguns parágrafos para desmentir as acusações de que os EUA teriam montado o cenário da Lua durante a missão Apollo 11, em que Neil Armstrong e Buzz Aldrin chegaram à Lua. Ele também criticou os que acreditam que a Terra é plana, chamando a ideia de “delírio”. “É uma questão infantil”, sentenciou.
“Existe uma grande quantidade de dados que demonstram categoricamente que tudo o que os terraplanistas dizem é falso, mas como os seguidores da ideia da Terra plana são ignorantes duros, quimicamente duros, então podem violar todas as leis físicas”, reclamou.
Por último, atacou ainda o horóscopo: “É uma outra estupidez, assim como a Terra plana”, vociferou. “Imagina: eu sou capricórnio assim como outros milhões de capricornianos. Sou o que sou porque minha mãe e meu pai tinham toda uma estrutura na minha casa e me criaram de uma certa maneira, não porque eu nasci em janeiro. Nasci no mesmo dia que Zamorano [ex-jogador de futebol chileno] e nunca pude jogar futebol como ele”, finaliza.