Vivemos sempre conectados, mas será que estamos em conexão total com tudo aquilo que nos propomos? Especialistas debatem sobre excesso de conexões virtuais e a falta de tempo de qualidade com a vida real.
O advogado e MBA em Gestão e Negócios, Sérgio Vieira, relata sobre a dualidade entre estar sempre conectado e estarmos alheios às situações que somos inseridos.
O especialista em gestão acredita que é necessário que estejamos conectados, de fato, em todas as situações que nos propomos. “Conecte-se de fato. Esteja de corpo e alma onde se propõe estar” afirmou.
Para o advogado, com a imersão nas redes sociais, por exemplo, estamos cada vez mais próximos de quem está longe – virtualmente falando – e cada vez mais distantes e alheios ao que está ao nosso alcance, do nosso lado.
“Afinal, temos ‘não estado’: estamos no escritório, mas com a cabeça em outro lugar. Estamos em casa, mas imersos nas redes sociais. Estamos à mesa com nossos familiares, mas conectados e consumindo o virtual. Nunca estamos, de fato!”, pontuou.
Sérgio também destacou que é importante termos tempo de qualidade e conexão na vida real com: dedicação ao trabalho no horário em que este deve acontecer; conexão total com os amigos em encontros e momentos de descontração; atenção e dedicação à família, quando se está em casa. Para o advogado, não se pode, de fato, estar desconectado do virtual, mas muito menos, não se conectar com a vida real.
Para a psicóloga, Gisele Mello, especialista em Terapia cognitiva-comportamental pela universidade da Filadélfia e Mestre em psicologia clínica e da saúde, entre outros títulos, nunca estivemos tão conectados virtualmente e ao mesmo tempo, desconectados das vidas reais. “Primeiramente, as redes sociais tornam-se realidades paralelas onde projetamos as vidas que gostaríamos de ter: todos estão felizes, ricos; cada um tem uma opinião e é expert sobre algo; temos milhares de amigos virtuais e possibilidades de novas conexões”, avalia Gisele.
Para ela, dessa forma, as redes sociais funcionam como “pílulas” que tomamos e nos desconectamos da realidade em que vivemos e isso acaba levando as pessoas a rejeitar aquilo que a vida nos propõe no presente momento, pois a mente passa a comparar-se com tudo e todos, colocando-se sempre numa perspectiva de insatisfação contínua. “Isso traz a todos nós adoecimento mental: vivemos mais ansiosos, estressados e deprimidos; a mente torna-se um lugar de fadiga pelo peso e volume de informações e desconexão com o presente”, atesta a psicóloga.
Segundo ela, viver no aqui-e-agora é necessário e urgente. Enquanto estamos desconectados, estamos também fugindo de sentir realidades que podem ser difíceis, trabalhosas e sofríveis. “Perdemos o vínculo real de profundidade com a vida, porque evitamos nosso presente. Mas a nossa conexão com a vida está intimamente ligada à nossa capacidade de sentir; e para sentirmos, precisamos exercitar a observação do que se apresenta para nós no presente”, diz.
Ela afirma que a prática de estarmos presentes em nossas vidas, pelo simples ato de observarmos o ar que entra e sai de nossos pulmões: nossa respiração. “Assim, vamos sentindo as sensações físicas que chegam até nós; depois vamos entrando em contato com nossas emoções, identificando-as, aceitando-as, acolhendo-as e lidando com elas. E assim por diante nos ajudará a cuidarmos mais daquilo que mais nos importa, afinal, vivemos no presente até o final de nossas vidas”, conclui.