Cotidiano

Movimentos sociais protestam contra reforma da Previdência

Durante todo o dia de ontem, 22, sindicatos cumpriram uma agenda de protestos contra a reforma da Previdência apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). Pela manhã, foram realizados debates na Universidade Federal de Roraima (UFRR) sobre os pontos que mudarão, caso a proposta seja aprovada. 

Diversas entidades estiveram à frente da organização, como o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima (Sinter), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e a Central única dos Trabalhadores (CUT).

À tarde, a manifestação teve continuidade com uma mobilização, panfletagem, discursos de integrantes de movimentos sindicais e sociais, e uma carreata que partiu da Praça do Centro Cívico.

Jaci Guilherme Vieira, professor da UFRR e representante da Central Sindical e Popular Conlutas (CSP Conlutas), destacou que a reforma fará com que cada trabalhador tenha uma conta pessoal e que este dinheiro será “emprestado” para financiamento de indústrias, o que gera perigo do dinheiro não voltar.

“Esta reforma já aconteceu em 30 países da América Latina e vários da Europa, e em muitos deles não deu certo. No Chile, centenas de aposentados estão se suicidando porque não recebem o benefício, o dinheiro da capitalização não voltou para o Estado”, afirmou Vieira.

O professor acredita ainda que há de fato um interesse maior nesta reforma no Brasil. “Detalhe importante é que 34% do PIB nacional estão na Previdência e 43% na dívida pública, ou seja, existe uma gordura muito grande na Previdência que o capital quer retirar para jogar pros bancos”, comentou.

A proposta de reforma cria uma idade mínima para se aposentar e retira a possibilidade de aposentadoria por tempo de contribuição. Para homens, será de 65 anos, enquanto para mulheres será de 62 anos. A partir de 2024, esta idade passa a ser atualizada a cada quatro anos levando em conta a expectativa de vida do brasileiro.

“Tem a previsão de regras de transição, mas, de forma geral, o que se observa é aumento acentuado na idade que penaliza muito mais as mulheres, pois aumentará em sete anos. Já os homens terão um aumento de cinco anos”, disse o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Roraima (SINDSEP), José Carlos Gibim.

Tatiane Cassiano dos Santos considera a reforma injusta e fez uma comparação entre o que é proposto para os trabalhadores comuns, aposentadoria aos 65 para homens e aos 62 para mulheres, com a do presidente, Jair Bolsonaro, que se aposentou aos 33 anos.

“A reforma é um desastre. Ela atira o direito de todo trabalhador e não traz nenhum benefício, muito pelo contrário, atende aos interesses dos que são muito ricos, que são meia dúzia de pessoas, e a classe trabalhadora, que é que gira a economia, vai ficar à mercê”, declarou.

PANFLETAGEM – O Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Boa Vista (Sitram) optou por usar a panfletagem nessa sexta-feira para tentar discutir a reforma da Previdência com a população. Logo no início da manhã, às 7h, os sindicalistas agiram no cruzamento das avenidas Rui Baraúna com Carlos Pereira de Melo, nos semáforos das avenidas Venezuela com Mário Homem de Melo e também falaram às pessoas que estavam na fila do Instituto de Identificação em Boa Vista.

“Escolhemos pontos estratégicos para levar informação aos trabalhadores na hora que eles estão indo para o trabalho. A informação sobre os impactos da MP 871 [Medida Provisória 871/2019] deve ser levada para os que serão afetados. Para quem acorda cedo e vai perder a sua aposentadoria”, destacou Sueli Cardozo, presidente do Sitram. (F.A.)