Polícia

Trabalhadores são encontrados em condições semelhantes à escravidão

Durante a verificação no local foram constatadas as condições sub-humanas as quais os trabalhadores eram submetidos para a produção do carvão

Trabalhadores em condições análogas aos de escravos foram encontrados pelas equipes de fiscalização da Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), da Cipa (Companhia Independente de Polícia Ambiental) e da Delegacia de Polícia de Meio Ambiente, durante a fiscalização em madeireiras na vicinal 16 da Vila Nova Colina, Município de Rorainópolis, no sul do Estado.

No decorrer da operação Dinizia, os fiscais perceberam a uma grande coluna de fumaça e barulho de funcionamento de motosserras que vinham de uma picada (pequena estrada) que levava a uma clareira no terreno da madeireira.

Este local fica no fundo do pátio de uma das madeireiras embargadas durante a operação.

Ao percorrer o caminho foram encontrados alguns fornos de queima de madeira para a produção de carvão. Próximo dali a equipe se deparou com diversas fileiras de fornos de queima. Nesse momento muitos trabalhadores que alimentavam os fornos com madeira fugiram para a mata para se esconderem.

No entanto muitos não perceberam a chegadas dos fiscais e permaneceram trabalhando. Venezuelanos, cubanos e brasileiros, vindos dos Estados do Maranhão, Pará e Amazonas permaneceram na carvoaria.

Durante a verificação no local foram constatadas as condições sub-humanas as quais os trabalhadores eram submetidos para a produção do carvão. Os alojamentos, sanitários e banheiros tomados pela sujeira. O local onde são cozidos os alimentos extremamente precários.

“Nosso almoço é arroz e feijão com maxixe, sem mistura. O rancho tem que ser feito por nós mesmos e no momento estamos sem vale para comprar a carne e tem que ser desse jeito”, disse o cabisbaixo e magro carvoeiro, vindo do Maranhão.

Segundo ele, os trabalhadores são aliciados no Estado de origem. Eles recebem a passagem para vir pra Roraima e tem que pagar com trabalho. “Quando chegamos aqui temos que fazer carvão pra pagar a passagem pro patrão. São meses de trabalho porque o que recebemos aqui é um real por cada saco de carvão produzido”, acrescentou.

Ao final da operação, toda a situação foi informada à Promotoria do Ministério Público Estadual em Rorainópolis para as providências legais.