Política

Acnur nega que haja processo seletivo para interiorização

A interiorização é uma das ações para minimizar impactos do intenso fluxo de imigrantes solicitantes de refúgio em Roraima

O processo de interiorização dos imigrantes venezuelanos refugiados, que vivem em abrigos em Roraima, tem gerado interpretações equivocadas. A afirmação foi do oficial de relações institucionais do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Pablo Mattos, em entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, neste domingo, 2.

O perfil profissional, de acordo com o chefe do escritório da Acnur em Roraima, não é determinante para que o imigrante refugiado esteja apto a participar da interiorização. “O que realmente acaba determinando é o perfil do abrigo na cidade que está se dispondo a receber esses refugiados, por exemplo, alguns abrigos estão mais preparados para receber famílias com crianças, outros, homens e mulheres desacompanhados”, explica.

A pretensão, de acordo com Mattos, é inseri-los no mercado de trabalho, para que possam ter uma melhor qualidade de vida.

“É necessário que tenham a documentação em dia, CPF e carteira de trabalho, além da solicitação de refúgio, ou residência. Os imigrantes voluntários passam por uma sessão de orientação sobre o processo de interiorização e as cidades de destino, realizam exame de saúde e são imunizados, para só depois estarem aptos a embarcar”, ressalta. 

Ainda de acordo com o chefe do escritório da Acnur, em Roraima, conforme a existência de locais para acomodar essas famílias e uma rede de apoio para recebê-los, é feita a seleção dos imigrantes voluntários, que precisam estar vivendo em um dos abrigos instalados em Boa Vista. “É feito todo um estudo para que essas pessoas possam contribuir com a cidade de destino e recomeçar suas vidas”, completa. 

PRÓXIMO DESTINO – De acordo com o chefe do escritório da Acnur em Roraima, a partir deste mês, toda a semana devem embarcar venezuelanos com destino a outros estados da Federação. “O planejamento inicial é que toda a semana, em setembro, seja realizado pelo menos um voo”, disse Mattos.

Ainda de acordo com Mattos, já na terça-feira, 4, cerca de 200 venezuelanos devem embarcar com destino à Manaus (AM) e Cuiabá (MT). E na quarta-feira, 5, serão 120 refugiados com destino à cidade de Esteio (RS). Já estão previstos voos para os dias 11, 13, 18 e 25 de setembro.

O processo de interiorização é uma iniciativa do Governo Federal criada para ajudar venezuelanos em situação de extrema vulnerabilidade a encontrar melhores condições de vida em outros estados brasileiros. O processo tem o apoio das Forças Armadas e de agências da ONU, como o Alto Comissaria das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a Agência da ONU para as  Migrações (OIM), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

ACNUR – A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados atua em 130 países desde a década de 1950 e foi criada para lidar com emergências e deslocamento de pessoas que saem de seus países de origem por motivos de perseguição e sobrevivência. 

As primeiras missões da Acnur em Roraima aconteceram em 2016 quando o fluxo de venezuelanos começou a se acentuar e a crise humanitária se instalou no estado. Em junho de 2017 estabeleceu escritório em Boa Vista, em local cedido pela Universidade Federal de Roraima, juntamente com outras agências da ONU. 

“Nossa missão em Roraima é, sobretudo, criar um ambiente favorável, para que tanto a população deslocada, no caso os venezuelanos, como a população de acolhida, no caso os brasileiros, possam viver num ambiente harmônico, além de criar ações que beneficiem as duas populações”, destaca o chefe da agência da ONU em Roraima.