Cotidiano

Agências de viagens comemoram aquecimento nas vendas

Os pacotes de viagens para as férias foram comercializados desde o início do ano e agências já iniciaram as vendas para Carnaval e pós-Carnaval

LEO DAUBERMANN

Editoria de Cidades

O brasileiro não abre mão de viajar nas férias e aqui em Roraima não é diferente, prova disso é que as agências de viagens da capital comemoram aquecimento nas vendas. Na contramão da crise, o setor deve fechar o ano em crescimento. Os pacotes de viagens para as férias estão sendo comercializados desde o início do ano e agências já iniciaram as vendas para Carnaval e pós-Carnaval, na baixa temporada.

“Os roraimenses costumam planejar suas férias antecipadamente, até porque não temos muitos voos disponíveis saindo de Boa Vista e viajar de ‘última hora’ só mesmo em caso de necessidade, porque as passagens acabam saindo por um preço muito alto”, diz a agente de viagens Ana Flávia Campos Chaves, que trabalha no ramo há 4 anos.

A demanda de voos costuma ser um problema, ressalta a agente de viagens. Ana Flávia aconselha sempre os clientes a se programarem, caso queiram viajar na alta temporada. “Já estamos com os voos lotados, então, saídas até o dia 20 de dezembro não tem mais, somente para o final do mês, e com preços altíssimos”, fala.

De acordo com a Ana Flávia, o Nordeste se mantém no topo do ranking dos lugares mais procurados pelos roraimenses, sendo Fortaleza o destino preferido. “É o custo/benefício, em Fortaleza tem hotelaria e comida barata, principalmente em baixa temporada, e mesmo em alta temporada, os preços sobem menos que em outros estados do Nordeste”, destaca.

Opinião compartilhada por Geneilson Alves, que trabalha há dois anos no setor de vendas de pacotes de viagens e passagens aéreas. “Os destinos mais procurados ficam na Região Nordeste, com certeza. Fortaleza, Recife, Terezina, Porto de Galinhas, São Luiz. E depois do Nordeste, a Região Sul é a mais procurada”, diz o agente de viagens.

Geneilson também aconselha a compra de passagens com antecedência. “Quando você se programa, encontra uma tarifa melhor e preços até promocionais. Muito em cima da hora, além de você não encontrar voos, acaba gastando muito mais do que o orçamento lhe permite”.

“Até o dia 20 de dezembro você não sai de Boa Vista para lugar nenhum mais, todo o fim de ano é assim, ou você sai de Manaus, ou você não viaja. Mas a demanda foi muito boa até agora, teve muito procura, muita gente aproveitou as promoções do Black Friday e agora já estamos vendendo pacotes para o Carnaval e pós-Carnaval. Na baixa temporada é sempre melhor, as tarifas são muito mais tentadoras”, ressalta Geneilson.

De acordo com Geneilson as agências de viagens também têm feito boas vendas para voos internacionais, no entanto, a variação do dólar afeta diretamente o mercado, e em Roraima, a crise econômica também é fator determinante. “O exterior é conforme o dólar, se a moeda americana estiver muito alta, o preço sobe e acaba atrapalhando as vendas. Aqui na agência, nós emitimos um número maior de passagens no ano passado, mas acredito que a queda nas vendas, se deva também ao fato de que, muitas pessoas acabaram sem poder aquisitivo para viajar, devido à crise no estado”, salienta.

A Ilha de Margarita ainda é destino atraente para muitos roraimenses

O caribe venezuelano ainda é um destino muito procurado pelos roraimenses, apesar da instabilidade política, colapso econômico e violência existente no país vizinho. O servidor público Rodrigo Emanuel Vicente dos Santos, 29, passou as férias do início do ano, com a esposa e os três filhos do casal, na Ilha de Margarita.

Foi a primeira vez que ele e a família viajaram para a ilha caribenha. Rodrigo conta que a questão financeira pesou da hora de escolher o destino das férias. “Apesar da crise do país, a Venezuela ainda é a melhor opção para quem quer curtir as férias gastando pouco. Nem se compara com o que você iria gastar se fosse para o nordeste. O que gastamos lá não pagaria nem as passagens para irmos pra Fortaleza”, diz.

De acordo com Rodrigo, para evitar qualquer risco durante a viagem, fechou um pacote com uma agência de turismo da Venezuela. “Fizemos o translado com essa agência venezuelana, fomos de micro-ônibus de Santa Elena [de Uairén] para Porto La Cruz, e de lá pegamos o Ferry para Margarita. No trajeto até Porto La Cruz evitamos viajar durante o dia em rotas consideradas perigosas, como o [Quilômetro] 88 e San Félix”, ressaltou.

Para o servidor público Rodrigo dos Santos, caribe venezuelano ainda é destino procurado por roraimenses apesar de instabilidade política, colapso econômico e violência no país vizinho (Foto: Divulgação)

Mas, ainda de acordo com Rodrigo, antes da viagem começar, a família teve um pouco de dor de cabeça e ele alerta para que as pessoas se informem bem antes de fechar qualquer contrato. “Encontramos esse cara pelo Facebook, ele prometia fazer o translado de Boa Vista à Santa Elena e de Santa Elena a Porto La Cruz e mais o Ferry, isso ida e volta. Fizemos a besteira de cair na lábia dele, e na hora marcada, ele não apareceu, fomos atrás dele e descobrimos que o ônibus havia quebrado. Com muito custo conseguimos o dinheiro de volta. Acabamos indo de carro até Pacaraima, e fechamos com uma empresa de lá, que foi nos pegar na fronteira. Acabamos perdendo a reserva do Ferry, mas, graças a Deus, chegamos em Porto La Cruz e conseguimos lugar no Ferry, para finalmente chegarmos em Margarita”, relata.

“Apesar de acharmos que as férias iam acabar antes de começar, valeu a pena, as praias são muito bonitas, as coisas não estavam tão baratas, mas estavam bem mais baratas que no Brasil. Pra quem viaja com a família, como a gente foi, aconselho levar alguns mantimentos, como arroz, feijão, café e carne, porque lá é meio difícil encontrar. Mas as belas praias fazem a viagem valer a pena”, ressalta Rodrigo, “com certeza a gente volta, mas da próxima vez, somente se for de avião”, completa.

Voos domésticos e internacionais registraram crescimento

A procura por viagens aéreas dentro do Brasil, medida em passageiros-quilômetros transportados (RPK), registrou crescimento de 4,39%, nos dez primeiros meses de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado, para uma oferta em expansão ligeiramente maior, da ordem de 4,95%. É o que diz a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), revelando ainda que esse equilíbrio proporciona relativa estabilidade do fator de aproveitamento no ano, que recuou 0,43 ponto percentual, para 80,86%, em comparação com o mesmo intervalo de 2017.

Os passageiros transportados de janeiro a outubro, em voos domésticos, totalizam 76,6 milhões (+ 3,44%, ou aproximadamente 2,5 milhões de pessoas a mais do que no ano passado). Os números da Abear são a consolidação das estatísticas das empresas GOL (35,62%), Latam (32,01%), Azul (18,72%) e Avianca (13,65%), que contemplam mais de 99% do mercado doméstico.

Voos internacionais – O número de voos internacionais tendo o Brasil como destino ou origem teve um aumento de 14% neste ano, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). De janeiro a agosto de 2017 foram 82.303 e no mesmo período de 2018 foram 93.839 voos. O número de passageiros transportados em voos internacionais tendo o Brasil como destino ou origem subiu 11,16%. De janeiro a agosto de 2017 foram transportados 14 milhões de passageiros e no mesmo período de 2018, 15,6 milhões de passageiros.

Apesar da alta do dólar, os Estados Unidos (EUA) continua sendo o destino preferido dos brasileiros, com um aumento de 17,45% (de 2,8 milhões entre janeiro e agosto de 2017 para 3,3 milhões no mesmo período deste ano). Nos voos para a Europa, o crescimento no número de passageiros foi de 13,3% (de 3,8 milhões em 2017 para 4,4 milhões neste ano). O crescimento, de acordo com a Anac, deve continuar nos próximos meses.