Agentes socioeducativos pedem melhorias, mas descartam greve

A insegurança no local de trabalho levou os servidores do Centro Socioeducativo (CSE) a realizar uma assembleia geral na tarde de ontem, 6, para tratar das condições estruturais da unidade e melhores condições empregatícias.A reunião, que ocorreu no auditório da Central Única dos Trabalhadores em Roraima (CUT-RR), foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima), a pedido dos funcionários da unidade.

De acordo com o presidente em exercício do sindicato, Antônio Leal, a reunião foi motivada após os recentes acontecimentos na unidade quando um adolescente foi morto de forma cruel e a infraestrutura do local foi danificada por conta de uma rebelião entre os menores.

Além da insegurança, também foi discutido o risco à integridade física e à vida dos agentes na execução de suas atividades, considerando que um agente já foi feito de refém dentro do CSE.

“A gente também tem informações destas constantes situações vividas pelos servidores, denúncias dos próprios agentes que dizem receber ameaças no seu local de trabalho”, justificou o presidente em exercício do Sintraima.

Um dos agentes, que preferiu não ser identificado, disse que era impossível o retorno de atividades coletivas, como o atendimento à escola, mesmo nas dependências da unidade. “Se nós colocarmos mais de 20 socioeducandos fora dos quartos, corre o risco de acontecer um confronto, inclusive, levar a uma chacina que está anunciada desde o ano passado”, relatou.

NOVOS SERVIDORES – A reunião também discutiu a convocação de novos servidores para completar o número ideal de agentes, em torno de 60, e que, ao chamar os novos funcionários, seja feito um curso de capacitação voltado para prestação de um serviço de qualidade e segurança para os socioeducandos.

“A gente quer que as pessoas que vão ser chamadas passem por um curso de qualificação primeiro. Após o curso, que entrem preparados para assumir a sua função dentro do CSE. É preciso um treinamento para que esse servidor possa executar um bom trabalho dentro do sistema socioeducativo”, explicou.

Ao final da assembleia os presentes formularam um relatório com todas as informações debatidas, que deverá ser entregue ao Governo do Estado e demais órgãos fiscalizadores. O presidente em exercício do Sintraima reiterou que ainda não há possibilidade da categoria entrar em greve, mesmo se o Estado não acatar agora as reivindicações necessárias. “Isso pode ser uma discussão que venha a acontecer depois”, frisou.

TRAGÉDIA ANUNCIADA – Para Antônio Leal, o Sintraima e os servidores do CSE têm feito o seu papel de comunicar às autoridades sobre as condições inadequadas da unidade, porém, não recebem o retorno necessário.“Nós temos feito isso, levando ao conhecimento do Estado que algo poderia acontecer caso não fosse tomada a devida providência”, disse o presidente.  “Algumas tragédias aconteceram no CSE, mas continuamos fazendo o nosso papel. O sindicato está sempre atento a esses acontecimentos”, reforçou. (P.C.)