Cotidiano

Aniversário de implantação da Uber é marcado por bloqueio do sistema

Mensagem no aplicativo era que os perfis dos motoristas haviam sido suspensos em razão da média de avaliações estar abaixo da nota mínima da cidade

A celebração de um ano da instalação do serviço de transporte urbano Uber em Roraima foi marcado por tumulto. Colaboradores da empresa denunciaram o bloqueio inesperado do sistema na tarde de ontem, 20, e reclamaram do atendimento da sede da empresa na Capital.

Cerca de 30 motoristas foram ao escritório da Uber para “Atendimento de Parceiros” no Estado, na Avenida Ville Roy, no bairro São Francisco, para buscar informações sobre o bloqueio e a previsão de retorno do sistema.

Nos celulares dos colaboradores, a informação dada pela Uber era que as contas precisavam de uma atenção e que o perfil havia sido suspenso em razão da média de avaliações estar supostamente abaixo da nota mínima da cidade ou haveria alguma inconsistência com relação aos Termos e Condições do uso da plataforma, com a recomendação que o motorista consultasse o seu e-mail para mais informações.

“O problema é que minha conta ficou off-line”, disse Célio Lourenço. “Eu fui tentar ficar on-line novamente e deu ‘conta suspensa’, com uma série de explicações que não condiz com a minha avaliação no aplicativo”, reforçou.

Os colaboradores reclamaram também que não foram atendidos pelos funcionários do escritório. “Todo mundo veio atrás da mesma explicação. Se pelo menos viessem aqui e avisar que caiu o sistema, que não se sabe o que ocorreu, mas nem isso. O atendimento é péssimo, funciona quando quer”, completou outro motorista.

A reportagem da Folha também esteve no local e foi impedida de entrar no prédio pelos seguranças da sede. Durante todo o tempo que a equipe esteve no centro comercial, a sede da Uber esteve fechada e foi necessário buscar informações com os servidores passando bilhetes por baixo da porta. A recomendação repassada era que os questionamentos deveriam ser enviados por e-mail. 

OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com a Uber por e-mail, conforme solicitado, para saber do motivo do bloqueio do serviço em Boa Vista e se a empresa iria tomar providências sobre a má qualidade do serviço prestado pelo escritório na Capital, porém, não obteve retorno até o fechamento da matéria. 

Apesar de conflitos, avaliação de colaboradores ainda é positiva

O motorista Yann Cavalcante, de 25 anos, trabalha hoje em dia somente com a Uber. Ele explica que aderiu à empresa na semana seguinte à implantação da companhia em Roraima. Para ele, o serviço de transporte individual privado tem suas vantagens e desvantagens, mas no geral, tem uma avaliação positiva.

“Nós somos motoristas sem ligações trabalhistas com a empresa, ou seja, não recolhemos INSS e não temos obrigações com a Uber e nem ela com a gente. Mas podemos trabalhar no horário que a gente quer, no dia que a gente quer”, afirmou.

Para o colaborador, um dos pontos mais favoráveis da empresa é o fato do aumento da oferta de trabalho na Capital, já que muitas pessoas que estavam desempregadas hoje em dia conseguem ter uma renda fixa e se sustentar através da Uber.

Ainda, que oferece uma nova modalidade de locomoção para a população boa-vistense. “A gente tinha somente transporte público deficitário, que precisava de melhorias. Não melhorou e agora a gente tem um transporte bom na cidade, com um custo mais benéfico”.

PONTOS FRACOS – Segundo Yann, no início, os ganhos eram mais satisfatórios, mas diminuíram hoje em dia por conta do aumento do combustível que impacta severamente no lucro dos motoristas. 

Outro problema seria também a alteração na tarifa, que ainda não aconteceu. “A Uber já deixou claro que não vai reajustar os valores, isso em todo o Brasil. Agora ela só alterou no Rio de Janeiro”, disse.

Para as colaboradoras mulheres, outro ponto que assusta e ainda afasta as motoristas de se inscreverem na Uber são os casos de assédio dos clientes. De acordo com a motorista Nathalia Soares, apesar de ter acontecido poucas vezes, os casos de invasão de privacidade ainda ocorrem.

“Os homens ficam mais calados, mas teve um que perguntou se o meu namorado deixava eu ser motorista e outro que perguntou o número do meu telefone, porque ele queria que eu fosse Uber exclusiva dele. Os piores casos foram esses”, afirmou.

Com relação a possíveis assaltos, a motorista explicou que também já passou por alguns apuros, no caso, quando foi buscar um passageiro próximo ao Caetano Filho e ao chegar perto da área, uma pessoa tentou parar em frente ao seu carro, mandando encostar o veículo. “Eu acelerei o carro e ele saiu da frente”, contou.

Uma das alternativas encontradas por Nathalia foi buscar por serviços de monitoramento de veículos através do GPS, para se sentir mais segura. “Fui buscar um passageiro em uma chácara certa vez e eu avisei ao responsável pelo sistema para acompanhar o meu veículo. Acabou que correu tudo bem, mas é sempre bom ter essa segurança a mais”. (P.C.)